Irmãs são investigadas de suspeitas por espalhar boato sobre ataque em escolas de Rio Preto

      Duas irmãs, uma manicure e outra dona de casa, foram levadas à delegacia após compartilharem fake news sobre supostos ataques em escolas de Rio Preto. Elas são alvos de investigação policial. Com operações policiais, combate aos boatos, seminário para prevenção de violência e ação de educadores com pais e alunos, a sociedade fecha o cerco para garantir a segurança dos estudantes.

     Por determinação do juiz da Vara da Infância e da Juventude de Rio Preto, Evandro Pelarin, as duas irmãs foram conduzidas de forma coercitiva para prestar depoimento no 4º distrito policial, no Jardim Maria Lúcia, zona Norte da cidade.

     “A ordem partiu diretamente do Judiciário. Fizemos a busca e apreensão de celulares. As duas compartilharam fake news em grupos de pais de alunos sobre um suposto ataque contra escolas de Rio Preto. Em depoimento, elas falaram que fizeram isso por medo de acontecer algo, se mostraram arrependidas, mas não pode ser assim”, diz o delegado do caso, Alessandro Andreotti.

     Depois de concluído o inquérito, o caso será relatado para o Ministério Público, que vai analisar se apresenta denúncia contra as duas mulheres.

     Para Pelarin, independentemente das motivações, é errado o compartilhamento de postagens deste tipo, porque há um desrespeito à lei. “Foi identificada uma delas, que falou em um grupo ‘vão atacar as escolas’. A Polícia Civil identificou. Mandei levar para a delegacia. Chega para o depoimento, fala que apenas repassou o que recebeu. Tem que ter responsabilidade. Essas pessoas estão sendo enquadradas no artigo 41, de contravenção penal”, alerta o juiz. O texto do artigo traz: Provocar alarma, anunciando desastre ou perigo inexistente, ou praticar qualquer ato capaz de produzir pânico ou tumulto. Nesse casos as mulheres podem pegar de 15 dias a seis meses de reclusão.

     Também em Rio Preto, dois adolescentes foram denunciados pelo Ministério Público por produzirem e repassarem fake news sobre supostos ataques em escolas. O caso deles já está sob análise da Vara da Infância e da Juventude.

     Ao todo, 17 pessoas foram identificadas pela Polícia Civil por produzirem ou compartilharem fake news, mas a maioria ainda não foi processada porque falta chegar laudo pericial para apontar de forma técnica a exata localização de quem enviou a falsa notícia.

Operação e seminário

     De forma preventiva, a Polícia Militar realizou nesta quinta-feira (20/abril), operação nas 96 cidades da região, de fortalecimento da ronda escolar. Já a Polícia Civil fez a operação Aquino II, de combate a suspeitos de ameaça e divulgação de ataques em escolas da região. Foram cumpridos sete mandados de busca e apreensão. “Nenhuma evidência concreta de preparação de ataques foi encontrada, mas apenas uso irresponsável e criminoso da internet”, disse Pelarin, que autorizou os mandados.

     Para combater as fake news e a violência nas escolas, Pelarin vai realizar em Rio Preto o 1° Seminário da Cultura de Paz no Contexto Escolar, no dia 08/maio deste ano, no Teatro Paulo Moura, em Rio Preto.

     O evento será aberto por representante do CNJ (Conselho Nacional de Justiça), que vai mostrar experiências de projetos da Justiça Restaurativa para combater a violência escolar. Depois será feito debate com os participantes para apontar quais as principais ações preventivas. “Além do combate a ameaças e fake news, temos de dar um passo mais à frente para mudar este clima dentro das escolas, para fazer com que todos colaborem em favor da paz”, diz o magistrado.

Detector de metal

     A Prefeitura de Potirendaba instalou um portal com detector de metais na Escola Maestro Antonio Amato. A ação faz parte das medidas de segurança “estipuladas para este momento em que o país segue apreensivo com ameaças e ataques”, informou o município.

Recepção com música e abraços

     As músicas alegres, o colorido, os abraços e sorrisos na recepção nem de longe lembram a tensão que pairava sobre o dia 20/abril, data amplamente divulgada por criminosos virtuais com ameaças de ataques a escolas em todo o Brasil. Nesta quinta-feira, há 24 anos, ocorreu um dos mais violentos atentados contra estudantes da história. O episódio ficou conhecido como Massacre de Columbine.

     Para afastar o baixo-astral e transformar o medo em memórias felizes, escolas de Rio Preto se organizaram para promover um dia de festa, mas também de reflexão entre os alunos.

     Nesta manhã, pais e estudantes do colégio Coopen foram surpreendidos com balões, música e mensagens otimistas logo no portão de entrada.

     “Durante a semana, estimulamos os alunos a produzirem cartazes coloridos com frases de esperança, respeito e amor. Esses trabalhos foram expostos em varais, para assim que as pessoas chegassem, fossem contagiadas por um ambiente positivo”, diz a coordenadora Priscila Paraguassu.

     Dias antes do evento, a escola convidou agentes da Guarda Municipal para vistoriar o prédio e apontar pontos sensíveis do prédio que necessitavam de adequações. Eles também conversaram com os pais para tranquilizá-los sobre a onda de notícias falsas que invadiu as redes sociais.

     No Colégio Vem Ser, os alunos foram convidados a trocar os uniformes por camisetas brancas. As aulas de ensino regular foram substituídas por um descontraído bate-papo com a psicóloga da instituição sobre virtudes como respeito, paciência e honestidade.

     No pátio, estudantes do 1º ano do ensino fundamental ao 3º ano do ensino médio realizaram um piquenique comunitário, promovendo a inclusão e reforçando a importância do compartilhamento. “Foi lindo de ver. As crianças levaram pãezinhos, brigadeiros, suco. Todo mundo comeu aquilo que tinha vontade em um clima muito harmonioso”, conta a professora de artes Paula Spalato.

     Os jovens também se divertiram com a coreografia da música A Paz, do grupo Roupa Nova, que é uma adaptação da canção Heal The World, de Michael Jackson.

     Já no Colégio Start Anglo, o dia começou com uma oração ecumênica em memória das crianças vitimadas em escolas do Brasil e em proteção aos policiais militares que estão nas ruas protegendo a sociedade.

     “Nós elaboramos um projeto de cultura de paz com um cronograma de atividades que serão realizadas ao longo do ano. Escolhemos a data de hoje, oportunamente, para iniciar as ações, demonstrando aos pais e alunos que estamos engajados no propósito de oferecer segurança e ajudar a formar cidadãos para o mundo”, afirma Janaína Bocato, diretora da unidade.

     O objetivo do projeto, que conta com a participação da Polícia Militar, é desenvolver o senso de responsabilidade sobre as pequenas ações. “Demonstrar que, às vezes, o que começa com uma simples brincadeira pode trazer resultados ruins. O planejamento prevê bate-papos, palestras e interações entre as turmas.”

     Na Associação Renascer, estudantes e professores também fizeram um ato público. O objetivo é propor mais paz no ambiente educacional, afirma o coordenador do projeto, Bruno Ramires Vallejo.

     “Resolvemos fazer algo para transmitir uma mensagem de paz, de mandar energias positivas para o universo. Essa ação é um grão de arroz perto de tudo, mas fizemos a nossa parte e vamos conseguir”.

(Fonte: Diário da Região/Marco Antonio dos Santos)