Um fisioterapeuta acusado de estuprar uma publicitária de 29 anos dentro da UTI do Hospital São Luiz, na zona sul de São Paulo, foi preso neste sábado (20/maio) em Minas Gerais.

     Nicanor dos Santos Modesto Junior, 46, foi detido durante uma fiscalização de rotina da Polícia Rodoviária Federal na BR-354, enquanto trafegava em um veículo com placa de Camaçari (BA) na altura do município de João Monlevade (a 116 km de Belo Horizonte), e encaminhado para a delegacia.

     Ele teve a prisão preventiva decretada em março deste ano e, desde então era considerado foragido. A Justiça aceitou denúncia contra ele por estupro de vulnerável, cuja prisão prevista varia entre 8 a 15 anos em regime fechado.

      A Folha entrou em contato com o advogado dele neste domingo (21/maio), mas não recebeu resposta. Em entrevista concedida a uma TV em janeiro, o fisioterapeuta negou as acusações e disse que não estava no hospital no dia relatado pela paciente.

     O fisioterapeuta é acusado de agressão sexual por ao menos duas pacientes em diferentes hospitais de São Paulo.

     O episódio mais recente foi registrado na unidade Jabaquara do Hospital São Luiz. A mulher, que pediu para não ter seu nome divulgado, relatou o abuso nas redes sociais.

     Ela passou por uma cirurgia para uma hérnia de disco e, no pós-operatório, passou a receber tratamento com um fisioterapeuta no hospital. Quando Nicanor começou a atendê-la, ela disse ter notado situações estranhas: ele não tolerava a presença de outros enfermeiros, tentava afastar sua mãe do quarto e entrava nos horários de banho. Em 23/janeiro, segundo a jovem, Nicanor entrou no quarto quando ela estava sozinha e disse que fora informado de fortes câimbras que a jovem havia sentido em sessão com outro fisioterapeuta.

     A mulher disse que ele começou a massagear sua panturrilha e, em seguida, introduziu os dedos em sua vagina. No boletim de ocorrência a que Folha teve acesso, a paciente afirmou à polícia que o fisioterapeuta agiu com violência e que seguiu com o movimento mesmo quando ela disse que aquilo a machucava.

     No mesmo dia, ainda de acordo com a jovem, ele retornou e novamente a violentou. Na manhã seguinte, ela perguntou a outra fisioterapeuta sobre os procedimentos e concluiu que tinha sido estuprada.

     O São Luiz disse que o fisioterapeuta foi afastado em 23/janeiro, assim que a denúncia foi recebida.

     “Ele era funcionário de uma empresa de fisioterapia terceirizada e prestava serviços na unidade há cerca de um mês. A sindicância interna continua em andamento e a cooperação com as autoridades é total. O hospital repudia qualquer violência sexual“, declarou o hospital, em nota.

     O fisioterapeuta também é investigado por um outro caso, de 2021, no Hospital Maternidade Jesus, José e Maria, em Guarulhos, na Grande São Paulo.

     O processo tramita em segredo de Justiça. A Defensoria Pública, que representa o suspeito nesse caso, afirmou que, devido ao sigilo, não poderia fornecer mais informações.

     O hospital disse que dispensou o profissional e acionou a polícia logo que soube da suposta agressão. A unidade acrescentou que tomou todas as medidas preventivas para evitar fatos dessa natureza.

     Além dos casos investigados no Brasil, Nicanor foi condenado na Argentina a sete anos de prisão após tentativa de assassinar sua esposa com pancadas, arma de choque e spray de pimenta, segundo uma reportagem do jornal La Nación de 2015. Ele teria admitido o ataque.

     De acordo com o jornal, as agressões de Nicanor teriam ocorrido após a mulher tê-lo denunciado por supostamente abusar sexualmente de sua filha de 10 anos.

(Fontes: Folha de São Paulo/br.msn)