A farra do Foro e o silêncio após a inelegibilidade de Bolsonaro
O TSE (Tribunal Superior Eleitoral) formou maioria para cassar os direitos políticos de Jair Bolsonaro (PL) nesta sexta-feira (30/junho). A notícia de que o ex-presidente ficará inelegível por oito anos não foi uma surpresa para a maioria de seus apoiadores. Tampouco foi estopim para protestos. Apesar da razão absurda de sua condenação, não houve convocação, nem movimentação popular contra a decisão do tribunal. Foi sob o silêncio sepulcral das ruas, que a ministra do TSE, Carmén Lúcia, leu o voto que decidiria o futuro político de Bolsonaro, chegando ao placar irreversível de 4×1 contra o político.
Foi com o mesmo clima de quietude e “paz”, que a maior organização comunista da América Latina se reuniu aqui no Brasil, na última quinta-feira (29/junho), com a presença vip de um de seus fundadores — que por acaso é o presidente da República — para traçar os planos estratégicos da extrema-esquerda mundial.
O Foro de São Paulo, fundado por Lula (PT) e o ditador Fidel Castro (Partido Comunista Cubano), em 1990, reuniu-se em Brasília para o seu 26º encontro. Foi aqui, em solo brasileiro, que grupo realizou o seminário “A integração latino-americana e caribenha e os desafios dos governos de esquerda e progressistas”. O encontro de ditadores e líderes de extrema-esquerda da América Latina e Caribe acontece em um momento crítico de perseguições e censura semelhantes ao ocorrido na vizinha Venezuela. Trazer o Foro para o Brasil, principalmente na atual conjuntura, soa como uma celebração ao silenciamento da oposição, um brinde ao fim da liberdade, uma ode à repressão e um recado debochado de que quem manda neste país definitivamente não é o povo.
Por anos, a mídia brasileira ridicularizou os denunciantes do Foro de São Paulo. O filósofo Olavo de Carvalho, um dos primeiros a falar sobre a organização comunista — autor do livro “O Foro de São Paulo: A ascensão do comunismo latino-americano” — apareceu diversas vezes nas páginas dos jornais brasileiros como “louco”, “radical” e “conspiracionista”. Contudo, quando foi confirmado que neste ano a convenção de extremistas aconteceria em plena Brasília — e o elefante branco sentou bem no meio da nossa sala — não restou alternativa para os jornalistas a não ser reconhecer que o negócio realmente existe.
“Existe, mas não é tão ruim assim”. Na tentativa de minimizar o impacto negativo de uma reunião de ditadores em solo brasileiro, algumas redações assumiram rapidamente o papel de advogados dos diabos — socialistas — e saíram em defesa da turma de Lula. Novamente, Olavo foi rotulado de radical e acusado de “espalhar desinformação”. Os mesmos jornalistas que descrevem o sanguinário Nicolás Maduro como “presidente” e Xi Jinping como “líder chinês”, jogaram purpurina nas fezes e reduziram o Foro de São Paulo a uma inocente “organização de lideranças apartidárias e movimento sociais esquerdistas”.
Foi a mesma imprensa que se fingiu de boba quando, no início do ano, o ditador da Venezuela afirmou em discurso à Assembleia Nacional (órgão legislativo controlado pelo regime) que conversou com Lula e outros líderes latino-americanos sobre formar um bloco político aliado à Rússia e à China comunista. O bloco sugerido envolveria justamente países da América Latina e do Caribe. Uma espécie de retomada do sonho soviético.
“Eu estava conversando sobre isso com o Lula no telefone outro dia, pessoalmente com o presidente Gustavo Petro, estava conversando sobre isso com o presidente da Argentina, Alberto Fernández. Uma nova hora está chegando, uma hora especial para unir esforços e caminhos da América Latina e do Caribe para avançar na formação de um poderoso bloco de forças políticas, de poder econômico que fala ao mundo”, disse Maduro.
O principal nome da oposição ao regime de Nicolás Maduro na Venezuela, María Corina Machado, foi declarada inabilitada para exercer a cargos públicos por 15 anos, conforme decisão da Controladoria-Geral, coincidentemente publicada nesta sexta-feira (30/junho). Corina, que há anos faz forte oposição ao comunismo no país, aparece com mais de 50% das intenções de “votos”. Em 2014, quando era deputada, Corina foi uma das principais articuladoras das manifestações contra a ditadura de Maduro, sendo punida um mês depois com a cassação de seu mandato pela Assembleia Nacional da Venezuela, formada por apoiadores do regime ditatorial e comandada na época pelo chavista Diosdado Cabello, braço-direito de Maduro.
(Fonte: Gazeta Brasil)