Polícia investiga se adolescente que matou família em SP agiu sozinho ou se houve influência de terceiros
A Polícia Civil de São Paulo investiga se o adolescente de 16 anos, que confessou ter assassinado o pai, a mãe e a irmã a tiros dentro de casa, na Vila Jaguara, Zona Oeste de São Paulo, agiu sozinho ou se houve influência de terceiros. Ele foi encaminhado para uma unidade da Fundação Casa.
O delegado Roberto Afonso, do 33° DP (Distrito Policial) de Pirituba, afirmou, em entrevista ao programa “Cidade Alerta”, da TV Record, que o celular e o computador do jovem foram apreendidos e encaminhados à perícia.
“Vamos ver se havia algum interlocutor com ele no telefone, razão pela qual ele se sentiu muito frustrado quando os pais recolheram o aparelho de telefonia móvel dele. Precisamos entender se essa frustração foi relacionada a algum tipo de transtorno ou se houve uma problemática de terceiro envolvido”, disse o delegado.
Segundo o boletim de ocorrência, o adolescente ligou para a Polícia Militar na noite de domingo (19/maio) e contou que havia matado os familiares usando a arma de fogo do pai, que era da Guarda Civil Municipal de Jundiaí (SP), e queria se entregar.
Os policiais foram até a casa da família, localizada na Rua Raimundo Nonato de Sá, e encontraram o adolescente. Ele disse que cometeu o crime na última sexta-feira (17/maio) porque estava com raiva dos pais por eles terem tomado seu celular.
Os corpos de Isac Tavares Santos, de 57 anos, Solange Aparecida Gomes, de 50 anos, e Letícia Gomes Santos, de 16, foram encontrados com marcas de tiros efetuados por uma pistola e já estavam em processo de decomposição, informou a polícia. Eles estão no IML (Instituto Médico Legal), e ainda não há informações sobre o velório.
A pistola usada no crime foi achada na mesa da sala e estava carregada. Próximo ao corpo da adolescente também havia uma cápsula deflagrada de arma de fogo. A arma e a munição foram apreendidas.
Depoimento
Na delegacia, o adolescente afirmou que sempre teve desentendimentos com seus pais, que eram adotivos. Segundo ele, na quinta-feira (16/maio) os pais “o teriam chamado de vagabundo, tiraram seu celular e, não podendo [o adolescente] usar o aparelho para fazer uma apresentação da escola, planejou a morte”, segundo consta no boletim de ocorrência.
O adolescente disse que sabia onde o pai escondia a arma e a testou momentos antes do crime. Na sexta-feira (17/maio), ele atirou contra o pai quando ele estava na cozinha e de costas. A irmã ouviu o disparo, foi até o cômodo e foi baleada no rosto.
O adolescente ainda relatou que foi para a academia após matar os dois. Ao retornar, esperou pela mãe, que foi assassinada assim que viu os corpos do marido e da filha. O adolescente colocou uma faca no corpo da vítima no dia seguinte.
O caso foi registrado como ato infracional por homicídio, feminicídio, posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso restrito e vilipêndio de cadáver.
Família era reservada
A família morava havia menos de dois anos no bairro da capital paulista e era bem reservada, segundo relataram os vizinhos das vítimas à TV Globo .
“Eles se mudaram há pouco tempo. Acredito que um ano e meio, mais ou menos. Eles eram bem reservados. A gente só via, às vezes, eles passando. Eu encontrava quando o pai e as crianças voltavam da escola. No dia do assassinato, a gente não escutou nada, nada”, afirmou a vizinha Sônia Oliveira.
“Eles eram muito reservados. Não tinham, assim, muito contato com os vizinhos. Era só assim de ‘bom dia’ e ‘boa tarde’. A briga ali era constante, todos os dias”, disse Célia Regina Petrícia, também vizinha da família.