Governador demite perito que falsificou laudo de assassinato em Nova Granada em 2012
O governo Tarcísio de Freitas (Republicanos) formalizou, no dia 17/junho, a demissão do perito criminal Willian Luiz Cruz dos Santos, condenado por improbidade administrativa após acusação de fraudar um laudo pericial para favorecer um suspeito de assassinato. Ele atuava no Instituto de Criminalística de São Paulo, subordinado à SSP (Secretaria de Segurabça Pública).
O caso se arrastava desde maio/2012. Segundo o MPSP (Ministério Público de São Paulo), Willian e outro colega receberam R$ 3 mil para produzir um laudo balístico que confrontasse um relatório de perícia anterior.
O crime havia ocorrido em 2011 em Nova Granada, cidade distante 483 quilômetros da capital paulista. Ramiro Barbosa dos Santos, então um desempregado de 29 anos com histórico de uso de crack, foi morto com três tiros na cabeça e dois no braço enquanto andava de bicicleta.
A investigação do caso apontou que o autor do crime foi Niltron Cesar da Costa Nunes, morador da região. A mãe de Niltron havia sido assaltada (levaram um botijão de gás de sua casa) e Ramiro era o principal suspeito. Por isso, segundo o MPSP, Niltron teria partido para a vingança — terminou condenado a 12 anos de prisão.
Durante as investigações, um irmão de Niltron procurou o perito Willian para pedir ajuda. Para tentar inocentar Niltron, o irmão queria que o funcionário público fizesse um laudo pericial que se opusesse ao relatório feito pelo Instituto de Criminalística.
Willian e o colega teriam aceitado o serviço. Contudo, como eram servidores da Segurança Pública, forjaram a assinatura de um perito particular para validar o documento.
Descoberta no fórum
A manobra só foi descoberta porque o perito que supostamente assinou o segundo laudo foi convocado pela Justiça para o júri popular — na ocasião, revelou que não tinha conhecimento do material e que não tinha sido produzido por ele.
A Polícia Civil passou a investigar a defesa de Niltron e descobriu o arranjo feito por seu irmão. Em agosto/2017, Willian foi denunciado por improbidade administrativa. Em junho do ano seguinte, foi condenado à perda do cargo público por decisão da 1ª Vara da Fazenda Pública da capital.
O perito criminal interpôs uma série de recursos, até que o caso chegou ao STF (Supremo Tribunal Federal), em outubro/2022. A decisão foi mantida pelos ministros.
Enriquecimento ilícito
Paralelamente, Willian foi condenado a 11 anos de prisão em regime fechado por falsificação de documentos e enriquecimento ilícito, em sentença da Vara de Nova Granada.
Em sua defesa, o perito confirmou ter sido procurado pelo irmão do acusado de assassinato, mas disse que se negou a produzir o laudo e só intermediou o pagamento do relatório, que foi feito por outro perito.
(Fonte Metrópoles)