Dólar se aproxima de R$ 5,60 e Ibovespa cai em meio a preocupações fiscais
O dólar se aproxima de R$ 5,60 e o Ibovespa recua nesta sexta-feira (28/junho), em meio a preocupações fiscais e à reação dos investidores às declarações do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, e do presidente do BC (Banco Central), Roberto Campos Neto.
Durante a manhã, Lula criticou o Banco Central e Campos Neto em uma entrevista, afirmando que a taxa básica Selic, atualmente em 10,5% ao ano, é “irreal” dado que a inflação está controlada. Sobre o câmbio, Lula mencionou que a alta do dólar em relação ao real se deve à “especulação com derivativos”.
Em contrapartida, Campos Neto, que afirmou na véspera que as declarações recentes de Lula impactaram negativamente os preços, disse nesta sexta-feira que ajustes fiscais focados predominantemente no aumento de receita são menos eficientes e podem resultar em menor investimento, menor crescimento econômico e inflação mais alta.
O dólar encerrou o dia com uma alta de 1,5%, sendo negociado a R$ 5,590 na venda. No mês, a moeda acumulou um aumento de 6,47% e um salto de 15,2% no primeiro semestre deste ano.
O Ibovespa recuou 0,32% na sessão, fechando aos 123.906 pontos. No mês, o índice teve uma valorização de 1,47%, enquanto desde o início do ano, registrou uma queda de 7,66%.
No início do dia, Lula voltou a criticar o Banco Central e seu presidente, Roberto Campos Neto, durante uma entrevista à rádio FM O Tempo, de Minas Gerais. Ele afirmou que a taxa básica Selic, de 10,5% ao ano, é “irreal” diante de uma inflação controlada.
Lula também destacou que Campos Neto foi indicado pelo governo anterior, de Jair Bolsonaro, e comentou que o presidente do BC “não está fazendo o que deveria ter feito corretamente”.
Sobre o câmbio, Lula pediu providências ao Banco Central. “Por que o dólar está subindo? Porque tem especulação com derivativos na perspectiva de valorizar o dólar e desvalorizar o real. E o Banco Central tem a obrigação de investigar isso”, afirmou o petista.
Mais tarde, Campos Neto, durante um evento em Lisboa, Portugal, reforçou que os ajustes fiscais focados em ganho de receita são menos eficientes e podem levar a menor investimento, menor crescimento econômico e inflação mais alta. Campos Neto acrescentou que a desconfiança sobre as contas públicas impacta os juros de longo prazo e as expectativas de inflação.
Externamente, o principal dado do dia foi divulgado conforme o esperado. O Departamento do Comércio dos EUA informou que o índice de inflação PCE, observado pelo Federal Reserve, ficou estável em maio, após subir 0,3% em abril. Nos 12 meses até maio, o índice subiu 2,6%, ante 2,7% nos 12 meses até abril. Os resultados mensal e anual ficaram dentro do projetado por economistas ouvidos pela Reuters. O núcleo do PCE subiu 0,1% no mês passado, também em linha com o esperado.
(Fonte: Gazeta Brasil)