MP Público investiga coloração esverdeada em água da represa do Rio Grande em Guaraci

      O MP (Ministério Público) abriu um procedimento para investigar se a coloração esverdea da água da represa do Rio Grande, em Guaraci, surgiu após um descarte irregular de esgoto. Uma reunião entre a promotoria e a prefeitura foi realizada na segunda-feira (22/julho).

        De acordo com moradores, o problema começou em março deste ano e o caso chegou ao conhecimento da promotora de Justiça de Olímpia, Aline Kleer Fernandes, depois que um dos moradores registrou, em vídeos, lançamento de esgoto bruto em um córrego que desagua na represa.

        Diante do fato, a Cetesb autuou o município de Guaraci ao constatar uma falha em uma das estações elevatórias que estava provocando o lançamento de resíduos não tratados na água.

        Em entrevista à TV TEM, a promotora de Justiça diz que o município se comprometeu a construir uma nova estação para realizar o descarte dos resíduos de forma ecologicamente correta. “Eles [prefeitura] vão construir uma nova estação. Me parece que ao longo de um ano. Duas fases já estão autorizadas para construir. O Ministério Público vai continuar a fazer o acompanhamento de perto e verificar se novas emissões de esgoto bruto vão ser feitas. Foi solicitado fiscalizações, no mínimo semanais e documentadas tanto por escrito, quanto por fotografia”, explica Aline.

        Durante a reunião, o prefeito de Guaraci, Renato Azeda de Aguiar, rebateu as acusações e disse que não há um laudo que comprove a contaminação. “Não foi comprovado nada que houve lançamento de esgoto que causou o problema do rio estar verde ou mau cheiro. Isso está acontecendo por conta do excesso de águas.”

        A Cetesb (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo) também foi comunicada sobre a situação. À época os fiscais foram até a represa e constataram um estado de eutrofização – que é o processo de poluição que deixa a água com aspecto turvo. A suspeita, conforme a autarquia, é de descarte irregular de esgoto.

        Os donos dos imóveis que dependem da renda de aluguéis dos ranchos afirmam que já sentem a queda na procura. A coloração verde da água também impacta a pesca local, levando os pescadores a buscar rotas alternativas para continuar com sua atividade.

        Em entrevista à TV TEM, Orivaldo João Borin, especialista em direito ambiental, explica que procurou a promotoria ao ver que a situação estava crítica no local. “A Cetesb demorou muito para tomar uma atitude efetiva. A gente preocupado em perder essas analises que estão acontecendo, contratamos três empresas para fazer analise particular. Dos quais duas já entregaram laudos que constatou anormalidades nas águas da represa”, explica Orivaldo.

        Em nota, a Cetesb recomendou é que as pessoas evitem nadar ou praticar esportes náuticos com as “natas” esverdeadas ou manchas de coloração suspeita.

Em outros rios

        A água verde e o forte odor tem sido problema também em aflentes do Rio Tietê em diferentews cidades como Sales,  Adolfo, Mendonça, Novo Horizonte e Penápolis (SP).

        A proliferação desenfreada de algas transformou trecho do Rio Tietê, em um “tapete verde”. A situação, que ocorre desde o início do ano, tem preocupado os moradores e pescadores, que sobrevivem do trabalho no rio, conhecido como Barra Mansa em Sales .

        Para os especialistas, isso ocorre por conta da proliferação desenfreada de algas que se alimentam de matéria orgânica. Além do esgoto doméstico e de resíduos de fertilizantes das lavouras que também geram diversos problemas.

        Conforme a Cetesb (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo), órgão responsável pela fiscalização, a reprodução desenfreada de microalgas causa o esverdeamento da água.

        Elas se multiplicam devido ao excesso de nutrientes relacionado ao uso de fertilizantes nas plantações de cana-de-açúcar, localizadas às margens do rio, e ao dejeto irregular de esgoto.

(Fonte: G1 São José do Rio Preto e Araçatuba)