O humor está chorando, morre Ary Toledo aos 87 anos

Com mais de 65 mil piadas catalogadas, Ary Toledo contava anedotas até ao telefone nos anos 90; relembre o 0900 do humorista

        Nome popular da comédia no rádio e na TV do Brasil, Toledo morreu aos 87  na manhã deste sábado (12/outubro), em São Paulo. Ele estava internado no Hospital Sírio-Libanês e será cremado em São Caetano do Sul, segundo a família.

        Mestre do humor brasileiro e um dos criadores do stand-up [o humor feito de pé e só com um microfone], Ary Toledo tinha mais de 65 mil piadas catalogadas em livros e discos ao longo de mais de 60 anos de carreira. Em entrevista ao programa ‘Conversa com Bial1, da TV Globo, no ano passado, ele contou sobre o início da carreira como faxineiro no Teatro de Arena, de Augusto Boal, e sobre como começou a fazer humor apenas com um microfone e um violão. Mas o que muita gente não lembra é que, além das publicações e discos, Ary Toledo era o principal nome de um produto muito popular nos anos 90, que era o “TeleHumor”. Conhecido também como ‘disk piada’, o serviço era um telefone 0900 onde as pessoas ligavam para ouvir as piadas contadas pelo humorista.

        A cobrança era feita pela conta de telefone e cada minuto a mais ouvindo as anedotas do humorista encarecia mais a fatura das famílias. Naqueles tempos, muitas famílias até proibiam as crianças e adolescentes de usarem o telefone, para evitar surpresas indesejadas no final do mês.

       Ary Toledo promovia seu ‘TeleHumor’ nos programas de auditória que fazia na televisão. Como algumas de suas piadas eram muito pesadas e indecorosas, envolvendo palavrões muitas vezes, elas eram proibidas na tv e no rádio.

Com isso, nas apresentações que fazia em programas de auditório como do Silvio Santos, Faustão e cia ltda, o humorista incentivava as pessoas a ligarem no seu 0900 para ouvir as anedotas.

        Nos intervalos de emissoras mais populares, era possível também assistir propagandas promovendo as piadas ‘proibidonas’ contadas pelo humorista.

“Eu coleciono piadas desde criança. Eu anotava no caderninho. Então, meu acervo é de quase 80 anos de vida”, contou ele o jornalista Pedro Bial.

        A informação da sua morte foi anunciada pela família por meio do perfil oficial do artista no Instagram. Até a última atualização desta reportagem, a causa da morte, que ocorreu pouco depois das 8h00, não havia sido divulgada.

        “Com profundo pesar, anunciamos o falecimento de Ary Christoni de Toledo, um humorista brilhante que iluminou nossas vidas com seu talento e risadas. Que sua memória continue a trazer sorrisos a todos nós… Sentiremos a sua falta Mestre”, disse a publicação.

        O velório de Ary Toledo foi marcado para ocorrer a partir das 19h00 deste sábado (12/outubro) no Ossel Memorial, em São Caetano do Sul, na Grande São Paulo. Depois será cremado.

        Nascido em Martinópolis, no interior de São Paulo, em 22/agosto/1937, Ary Toledo fez carreira na TV e no rádio contando piadas e histórias engraçadas.

Ele passou a infância na cidade de Ourinhos e se mudou para a capital aos 22 anos, quando começou a fazer shows como cantor e contador de piadas, além de trabalhar como ator.

        Ao longo da carreira, trabalhou em emissoras como TV Tupi, Record e SBT. Também escreveu muitos vários livros de piadas e gravou discos. Segundo ele mesmo divulgou em 2023, foram 65 mil piadas catalogadas e publicadas em livros e discos ao longo de mais de 60 anos de carreira.

       No programa ‘Conversa com Bial’, exibida em setembro/2023, Toledo contou detalhes sobre a primeira piada que contou na vida, o começo como faxineiro no Teatro de Arena e relembrou o início da carreira como comediante. 

       Por 45 anos, foi casado com a diretora teatral Marly Marley, que morreu em 2014, aos 75 anos, vítima de uma complicação do câncer de pâncreas.

        Em entrevista ao g1 na época, Toledo lembrou: “Em 1967, eu só a conhecia de nome, de fotos. Ela era vedete de teatro e foi fazer uma participação no meu programa na TV Bandeirantes. Foi amor à primeira vista. Dei em cima dela até ela se casar comigo”.

(Fonte: G1)