A cantora e compositora Cristina Buarque morreu aos 74 anos. A notícia foi confirmada neste domingo (20/abril) por um de seus cinco filhos, Zeca Ferreira, em uma publicação nas redes sociais. A causa da morte não foi divulgada.

        Filha do historiador Sérgio Buarque de Holanda e irmã caçula de Chico Buarque, Cristina construiu uma trajetória singular na música brasileira. Avessa à fama, dedicou a vida ao samba e se destacou por seu trabalho delicado e profundo de resgate de composições pouco conhecidas. “Uma cantora avessa aos holofotes. Como explicar um negócio desses em qualquer tempo? Mas como explicar isso nesse tempo específico?”, escreveu o filho Zeca. “Ser humano mais íntegro que eu já conheci. Farol, chefia, braba, a dona da porra toda. Vai em paz, mãe.”

        Natural de São Paulo, Cristina Buarque de Holanda nasceu em 23/dezembro/1950. Começou a ganhar notoriedade nos anos 1970, quando gravou a canção “Quantas Lágrimas”, do sambista Manaceia. O sucesso a levou ao lançamento de seu primeiro disco, Cristina (1974), no qual interpretou obras de Cartola, Tom Jobim, Chico Buarque, Paulinho da Viola e outros grandes nomes.

        Apesar do reconhecimento, preferiu manter distância da fama. Nos últimos anos, morava na Ilha de Paquetá, no Rio de Janeiro, onde comandava uma tradicional roda de samba.

        Cristina lançou mais de cinco álbuns ao longo da carreira. Entre eles, Prato e Faca (1976), com composições próprias como “Sempre Teu Amor” e “Dei-Te Liberdade”, além de Resgate (1994) e Ganha-se Pouco, Mas É Divertido (2000). Seu último trabalho foi em 2007, com o grupo Terreiro Grande.

        A discrição de Cristina era contrastada pelo respeito que conquistou entre músicos e admiradores da música brasileira. O bar Bip Bip, reduto do samba em Copacabana, destacou sua importância: “Formou gerações com suas gravações e repertório, sempre generosa com o material e o conhecimento que acumulou durante anos de rodas de samba”.

        Nas redes sociais, Chico Buarque homenageou a irmã publicando um vídeo de 1968 em que os dois aparecem cantando juntos a música “Sem Fantasia”. “Cristina”, escreveu. A filha de Chico, a atriz Silvia Buarque, também prestou homenagem: “Minha tia Cristina, meu amor. Para sempre comigo”.

(Fonte: Gazeta Brasil)