Governador da Bahia diz que Bolsonaro e seus eleitores devem “ir para vala”, ex-presidente reage

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) se pronunciou nesta segunda-feira (05/maio) sobre as declarações do governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues (PT), feitas durante um evento público na última sexta-feira (02/maio). Em sua fala, o petista sugeriu que apoiadores de Bolsonaro fossem “levados para a vala” por uma retroescavadeira, o que provocou forte reação do ex-presidente e de aliados da direita.
Nas redes sociais, Bolsonaro classificou o discurso como uma incitação à violência e criticou o silêncio das instituições diante da fala. “Um discurso carregado de ódio, que em qualquer cenário civilizado deveria gerar repúdio imediato e ações institucionais firmes. Mas nada aconteceu. Não houve abertura de inquérito, nem busca e apreensão, tampouco convocação da Polícia Federal para apurar incitação à violência. Nenhuma nota de repúdio do STF, nenhuma indignação de ministros que se dizem interessados no assunto, nenhuma capa de jornal tratando o caso como ‘ameaça à democracia’”, escreveu o ex-presidente.
A declaração de Jerônimo Rodrigues foi feita durante a inauguração de uma escola no município de América Dourada, no interior da Bahia. Ao criticar a condução do governo federal durante a pandemia de covid-19, o governador afirmou: “Tivemos um presidente que sorria daqueles que estavam na pandemia sentindo falta de ar. Ele vai pagar essa conta dele e quem votou nele podia pagar também a conta. Fazia no pacote. Bota uma ‘enchedeira’. Sabe o que é uma ‘enchedeira’? Uma retroescavadeira, bota e leva tudo para a vala”.
A repercussão nas redes sociais foi imediata. Políticos aliados de Bolsonaro, como o deputado federal Nikolas Ferreira, o ex-candidato à presidência Padre Kelmon e o deputado estadual Leandro de Jesus, repudiaram as falas do governador.
Críticos de Jerônimo apontaram semelhanças com declarações polêmicas do próprio Bolsonaro durante sua campanha presidencial em 2018. À época, ele declarou em um comício no Acre: “Vamos fuzilar a petralhada aqui do Acre”. A frase resultou em uma ação no STF, posteriormente encaminhada à Justiça Eleitoral do estado. Em outro episódio, Bolsonaro prometeu enviar “a petralhada para a ponta da praia”, expressão que, segundo historiadores, remete a locais clandestinos de tortura durante a ditadura militar.
Diante da polêmica, Jerônimo Rodrigues recuou. Em entrevista nesta segunda-feira (05/maio), durante vistoria de obras no Teatro Castro Alves, em Salvador, ele afirmou que sua fala foi “descontextualizada” e negou qualquer intenção de incitar violência. “Quem me conhece sabe, eu sou uma pessoa religiosa, sou uma pessoa de família. Eu não vou nunca tratar qualquer opositor com o tratamento deste. Foi descontextualizada”, afirmou.
O governador também pediu desculpas pelo uso do termo “vala”, reconhecendo que foi uma escolha inadequada de palavras. “Se o termo ‘vala’ e o termo tratou foi pejorativo, foi muito forte, eu peço desculpa. O termo não foi a intenção. Eu não tenho problema algum de poder registrar quando há excessos na palavra, movido por indignação. Não houve intenção nenhuma de desejar a morte de ninguém, nem de querer matar ninguém. Está longe da minha atitude, da minha e do meu grupo”, justificou.
(Fonte: Gazeta Brasil)