Energia elétrica puxa inflação e gera estouro da meta no 1º semestre

        O IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), indicador oficial da inflação no Brasil, registrou alta de 0,24% em junho, levemente abaixo dos 0,26% observados em maio, segundo dados divulgados nesta quinta-feira (10/julho) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Apesar do recuo marginal, o resultado veio acima das expectativas do mercado financeiro, cuja mediana era de 0,20%, conforme levantamento da Bloomberg.

        O número de junho confirmou o descumprimento da meta de inflação fixada pelo CMN (Conselho Monetário Nacional). Com o IPCA acumulando 5,35% nos 12 meses encerrados em junho — acima do teto de 4,5% — o país ultrapassa o limite estabelecido pela nova regra de meta contínua, em vigor desde janeiro deste ano. A norma determina que, se a inflação permanecer fora da faixa de tolerância (entre 1,5% e 4,5%) por seis meses consecutivos, considera-se que a meta foi descumprida.

        Com isso, o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, será obrigado a divulgar uma carta aberta ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad, explicando as causas do desvio e as ações que deverão ser tomadas para conter a pressão inflacionária.

        De acordo com o gerente do IPCA, Fernando Gonçalves, a energia elétrica residencial foi o principal fator de pressão no índice acumulado de 2025, com alta de 6,93% no 1º semestre. O segmento contribuiu sozinho com 0,27 ponto percentual no resultado do período, sendo a maior variação para um 1º semestre desde 2018, quando chegou a 8,02%.

        “O comportamento da energia neste ano tem sido bastante oscilante”, afirmou Gonçalves. “Começamos com queda em janeiro por conta do bônus de Itaipu, depois houve reversão em fevereiro, seguida por bandeira verde. No mês passado, passou para a bandeira amarela e, agora, estamos na vermelha.”

        O novo cenário inflacionário deve reforçar os desafios do governo para manter a estabilidade dos preços e retomar o alinhamento com o centro da meta de 3% ao ano.

(Fonte: Gazeta Brasil)