O Mangusto de Amami-Ōshima: Um Alerta às Organizações

(*) – João Ulysses Laudissi – 29setembro/2025

        O mangusto de Amami-Ōshima nos lembra que soluções rápidas podem se transformar em grandes desastres. Assim como a introdução de um animal para resolver um problema acabou destruindo o equilíbrio de uma ilha inteira, nas organizações a pressa em “consertar” algo sem visão de conjunto, responsabilidade e preparo técnico pode gerar crises ainda maiores do que o problema inicial.

         Este assunto encontra-se bem apresentado no documentário “Japão Levou Caçadores de Cobras para a Ilha e, 25 anos depois, ninguém acreditou no que aconteceu” (disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=IAY-HyfHSLk) mostra como interferir em um ecossistema exige cautela extrema. Na natureza, tudo está conectado.   Um deslize pode custar décadas de recuperação.

        Na década de 1970, o governo japonês decidiu levar o mangusto para a ilha de Amami-Ōshima com o objetivo de controlar cobras venenosas e roedores que incomodavam a população local. A solução parecia simples e promissora. Mas a realidade foi bem diferente: os mangustos ignoraram as cobras e passaram a caçar aves, répteis e anfíbios nativos, empurrando várias espécies únicas da região para a beira da extinção. O que nasceu como medida de proteção se transformou em uma ameaça ainda maior ao equilíbrio da ilha.

        Ao refletir sobre esse episódio, não pude deixar de compará-lo com o que acontece em muitas empresas. A pressa em apagar um incêndio imediato, sem olhar o conjunto, frequentemente cria problemas muito mais graves. Falta de visão sistêmica, de responsabilidade e de preparo técnico acaba gerando crises desnecessárias.

        O caso de Amami-Ōshima traz lições valiosas para qualquer organização:

  • Soluções rápidas podem gerar riscos maiores no futuro.
  • É preciso enxergar o sistema como um todo, porque cada decisão repercute em diferentes áreas.
  • Atalhos raramente trazem resultados duradouros.
  • Conhecimento técnico deve ser respeitado, pois decisões baseadas apenas no improviso cobram caro depois.
  • O monitoramento constante é indispensável, para corrigir rumos e evitar que pequenos desvios se tornem grandes crises.
  • Responsabilidade é inegociável, já que cada escolha impacta o “ecossistema” organizacional.
  • 😯 mangusto de Amami-Ōshima, mais do que uma história ambiental, é uma metáfora poderosa para a gestão: a pressa em resolver um problema pode gerar consequências desastrosas se não houver visão de conjunto, responsabilidade e preparo.

 

(*) – Engenheiro, especialista em qualidade e professor, dedica-se a análises, gestão e educação.