PF investiga ex-nora de Lula e ex-sócio de Lulinha por suspeita de lobby e desvio de verbas do MEC

        Uma investigação da Polícia Federal apontou indícios de que Carla Ariane Trindade, ex-nora do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, teria atuado em Brasília para intermediar a liberação de recursos do MEC (Ministério da Educação) em favor de uma empresa suspeita de fraudes e desvio de verbas públicas.

        A PF também identificou a participação do empresário Kalil Bittar, ex-sócio de Fábio Luís Lula da Silva, o Lulinha, no mesmo esquema.

        A operação, batizada de Coffee Break, foi deflagrada nesta quarta-feira (12/novembro) e cumpriu 50 mandados de busca e apreensão e seis de prisão preventiva nos estados de São Paulo, Distrito Federal e Paraná. Entre os alvos estão os endereços de Carla Ariane e de Kalil Bittar. A 1ª Vara Federal de Campinas autorizou as buscas e determinou a apreensão dos passaportes dos investigados.

        Segundo a PF, as suspeitas giram em torno da empresa Life Tecnologia Educacional, que recebeu cerca de R$ 70 milhões em contratos com prefeituras do interior paulista para o fornecimento de kits e livros escolares. Os investigadores apontam que os materiais foram superfaturados e que parte dos valores teria sido desviada para empresas de fachada.      A Life foi procurada, mas não se manifestou.

        Carla Ariane foi casada com Marcos Cláudio Lula da Silva, filho de Marisa Letícia e adotado por Lula, com quem tem um filho. De acordo com a PF, ela integraria o núcleo político de uma organização criminosa, exercendo o papel de lobista e intermediária junto ao FNDE (Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação) e a prefeituras administradas por partidos aliados.

        O juiz responsável pelo caso afirmou na decisão que os indícios apresentados mostram que Carla “parece ter, ou alega ter, influência em decisões do governo federal, especialmente no FNDE”. Segundo a PF, ela teria viajado a Brasília em pelo menos duas ocasiões com passagens custeadas por André Mariano, empresário apontado como o principal beneficiário do esquema.

        As investigações também indicam que André Mariano pagava uma “mesada” a Kalil Bittar após a vitória de Lula nas eleições de 2022. Os repasses teriam sido feitos por meio da conta bancária da esposa de Kalil. Em troca, o empresário atuaria na captação de novos contratos e negócios para a Life Tecnologia Educacional junto a ministérios e administrações municipais ligadas ao PT.

        Em mensagem interceptada pela PF, Mariano demonstrava confiança na influência de Kalil dentro do governo: “A partir de novembro/2022, Mariano passa a apostar abertamente na maior influência de Kalil em ‘novos ministérios’, ‘MEC’, ‘estados do PT’”, diz um trecho do relatório policial.

        Os investigados poderão responder pelos crimes de corrupção ativa e passiva, peculato, fraude em licitação, lavagem de dinheiro, contratação direta ilegal e organização criminosa.

        A Polícia Federal informou que as investigações continuam para identificar o alcance político e financeiro do esquema e eventuais outros agentes públicos envolvidos nas negociações.

(Fonte: Gazeta Brasil)