A arte de se tornar interessante
Por: (*) João Ulysses Laudissi
Há pessoas que se tornam interessantes não pelo que mostram, mas pela capacidade de olhar para si mesmas e mudar quando necessário.
Uma leitura fundamental nesse caminho é o livro Como Fazer Amigos e Influenciar Pessoas, de Dale Carnegie, publicado em 1936. Mesmo antigo, continua atual porque apresenta princípios simples sobre convivência, influência positiva e a construção verdadeira de amizades.
Tenho uma edição de 1963 e a releio todos os anos desde 1972. Curiosamente, o mesmo livro, com as mesmas páginas, se transforma a cada leitura. Sempre encontro algo novo — e, por isso, ele se tornou tão valioso para mim.
Ao longo dessas leituras, formulei algumas perguntas que costumo usar em conversas com pessoas educadas e inteligentes sobre qualquer assunto:
1 – O que você vê agora que antes não via sobre o assunto que vamos conversar?
Essa abertura já coloca a pessoa em outro nível. Quando alguém fala de forma franca, mostra disposição para aprender e melhorar. É uma atitude rara — e, justamente por isso, tão valiosa. A partir daí, a visão da pessoa começa a mudar.
2 – O que você acha que ganha pensando assim? E o que perde?
Essa pergunta revela a capacidade de avaliar não só ganhos e perdas externas, mas também internas. É possível perceber o grau de maturidade e autenticidade da pessoa.
3 – Se isso fosse uma chance de virar o jogo a seu favor, o que você faria?
Aqui é possível observar se há mudança de perspectiva: estamos diante de alguém que apenas assiste aos acontecimentos ou de alguém que assume o papel de protagonista da própria vida.
4 – O que você — e somente você — pode fazer para mudar essa situação?
Na resposta, é possível identificar claramente quem assume responsabilidade. Quem compreende que autonomia não é peso, mas privilégio.
5 – Quando foi a última vez que você fez algo diferente?
Essa pergunta revela se a vida está sendo vivida com intenção ou apenas repetida no automático. Fazer algo novo areja a alma, mantém a mente viva e o espírito inquieto.
No fim, o que torna alguém verdadeiramente interessante não é o brilho imediato com que se apresenta, mas a profundidade das respostas às perguntas que lhe são feitas — e a coragem de se transformar a partir delas.
(*) Engenheiro, especialista em qualidade e professor. Dedica-se a análises, gestão e projetos de treinamentos industriais.











