Uma sessão de depoimento no STF (Supremo Tribunal Federal) nesta sexta-feira (23/maio) foi marcada por um momento de alta tensão entre o ministro Alexandre de Moraes e o ex-ministro da Defesa Aldo Rebelo. Moraes ameaçou prender Rebelo por “desacato” durante a oitiva, que ocorre no âmbito das apurações da elaboração do suposto plano de golpe de Estado.

        Aldo Rebelo depunha na condição de testemunha de defesa do general Walter Braga Netto. Durante o depoimento, ele foi questionado se o ex-comandante da Marinha, almirante Almir Garnier, teria colocado tropas à disposição do presidente da República. A resposta de Rebelo irritou o ministro Moraes. O ex-ministro afirmou que era preciso considerar o que significa uma “força de expressão” na língua portuguesa. “É preciso levar em conta que na língua portuguesa nós conhecemos aquilo que se usa muitas vezes que é a força da expressão. A força da expressão nunca pode ser tomada literalmente. Quando alguém diz que ‘estou frito’ não significa que está dentro de uma frigideira, quando diz que ‘está apertado’ não significa que está submetido a uma pressão literal. Quando alguém diz estou a disposição, a expressão não precisa ser lida literalmente”, respondeu Rebelo.

        A colocação de Rebelo provocou a reação de Moraes: “O senhor estava na reunião quando o almirante Garnier disse a expressão? Então o senhor não tem condição de avaliar a língua portuguesa naquele momento. Atenha-se aos fatos”, falou o ministro.

        Aldo Rebelo rebateu imediatamente: “Em primeiro lugar a minha apreciação da língua portuguesa é minha e eu não admito censura”.

        A tensão escalou e foi pelos lados de abuso da autoridade, e Moraes elevou o tom: “Se o senhor não se comportar, o senhor será preso por desacato”.

         Rebelo, então, respondeu: “Estou me comportando”.

        E Moraes encerrou a discussão ríspida: “Então se comporte e responda à pergunta”.

(Fonte: Gazeta Brasil)