Anielle Franco quebra o silêncio após demissão de Silvio Almeida por acusações de assédio sexual
A ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, quebrou o silêncio nesta sexta-feira (06/setembro) e se manifestou pela primeira vez após a demissão de Silvio Almeida, ex-ministro dos Direitos Humanos, acusado de assédio sexual, incluindo acusações envolvendo a própria Anielle.
“Não é aceitável relativizar ou minimizar episódios de violência”, declarou em publicação no Instagram. No texto, ela agradeceu o apoio que recebeu e elogiou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao tratar do caso. “Reconhecer a gravidade dessa prática e agir imediatamente é o procedimento correto, por isso ressalto a ação contundente do presidente Lula e agradeço a todas as manifestações de apoio que recebi”, disse Anielle.
Anielle, que destacou sua identidade como mulher negra, mãe e ministra, pediu ainda privacidade durante esse momento delicado. A demissão de Silvio Almeida foi formalizada pelo presidente Lula um dia após as denúncias de assédio serem divulgadas. Lula afirmou que, diante das acusações, a permanência de Almeida no cargo era “insustentável”.
Inicialmente, a secretária-executiva do Ministério dos Direitos Humanos, Rita Cristina de Oliveira, assumiria o posto de ministra interina. No entanto, poucas horas após a demissão de Almeida, Rita também pediu sua exoneração, afirmando seu apoio ao ex-ministro. Com a saída de Rita, a ministra da Gestão e Inovação em Serviços Públicos, Esther Dweck, foi designada para acumular temporariamente a função de ministra dos Direitos Humanos até que um novo nome seja escolhido.
Eis a íntegra da declaração de Anielle Franco
“Hoje eu venho aqui como mulher negra, mãe de meninas, filha, irmã, além de Ministra de Estado da Igualdade Racial.
Eu conheço na pele os desafios de acessar e permanecer em um espaço de poder para construir um país mais justo e menos desigual.
Desde 2018, dedico minha vida para que todas as mulheres e pessoas negras possam estar em qualquer lugar sem serem interrompidas.
Não é aceitável relativizar ou diminuir episódios de violência. Reconhecer a gravidade dessa prática e agir imediatamente é o procedimento correto, por isso ressalto a ação contundente do presidente Lula e agradeço a todas as manifestações de apoio e solidariedade que recebi.
Tentativas de culpabilizar, desqualificar, constranger, ou pressionar vítimas a falar em momentos de dor e vulnerabilidade também não cabem, pois só alimentam o ciclo de violência.
Peço que respeitem meu espaço e meu direito à privacidade. Contribuirei com as apurações, sempre que acionada.
Sabemos o quanto mulheres e meninas sofrem todos os dias com assédios em seus trabalhos, nos transportes, nas escolas, dentro de casa. E posso afirmar até aqui, que o enfrentamento a toda e qualquer prática de violência é um compromisso permanente deste governo.
Sigo firme nos passos que me trouxeram até aqui, confiante nos valores que me movem e na minha missão de trabalhar por um Brasil justo e seguro pra todas as pessoas.
(Fonte: Gazeta Brasil)