Carro atropela grupo de manifestantes em Mirassol

   Na tarde dessa quarta-feira (02/novembro) um atropelamento aconteceu quando Polícia Militar Rodoviária e integrantes do 9ºBaep (Batalhão de Ações Especiais da Polícia Militar) tentavam negociar com os manifestantes a liberação da pista, no sentido Mirassol a Rio Preto.

     Um grupo de pessoas foi atropelado por um carro durante um bloqueio na Rodovia Washington Luís, em Mirassol, na tarde desta quarta-feira, Feriado de Finados.

     Vários vídeos foram gravados do ato e registraram quando um carro de cor prata acelerou e atropelou o grupo que estava no meio da pista.

     Segundo o capitão da Polícia Militar Rodoviária de São José do Rio Preto, Maurício Noé Cavalari, 16 pessoas foram atingidas pelos veículos. Duas meninas, de 10 e 11 anos, e três policiais militares estão entre as vítimas.

     “Estávamos em negociação com os manifestantes para poder desobstruir a via por completo. A negociação era pacífica, quando teve a interrupção total da pista. Alguns manifestantes chegaram a deitar na rodovia. Não houve uso de força, mas um condutor arrancou bruscamente sobre as pessoas. Ele só parou quando os policiais fizeram a abordagem”, disse.

     Ainda de acordo com o capitão, várias ambulâncias foram acionadas e levaram os manifestantes atropelados para hospitais e unidades de saúde da região. “Fizemos isso para não sobrecarregar os hospitais. Retiramos o condutor e a passageira do carro para levá-los à delegacia em segurança. Também conseguimos conversar com os manifestantes e liberar a rodovia por completo”, afirmou.

     Das 16 pessoas atropeladas, duas precisaram ser transferidas para o Hospital de Base de Rio Preto, pois sofreram ferimentos graves. O estado de saúde das outras vítimas ainda não tinha sido divulgado até a publicação desta reportagem.

Carro quebrado

     De acordo com o coronel do CPI-5 (Comando de Policiamento do Interior 5), Carlos Enrique Forner, manifestantes tentaram agredir o motorista que atropelou o grupo, mas foram impedidos por equipes da corporação.

     “Desde o início das manifestações, nós temos tido interdição pelos caminhoneiros. Essa parte já estava controlada, mas, infelizmente, temos alguns manifestantes sapecas. Eles estavam na pista, fazendo uma manifestação pacífica, quando um dos motoristas investiu contra os manifestantes. A própria polícia fez a abordagem. Tínhamos a preocupação porque os manifestantes queriam linchar o motorista”, afirmou.

     O motorista do carro que atropelou o grupo foi preso em flagrante por tentativa de homicídio e encaminhado à Deic (Divisão Especializada de Investigações Criminais) de Rio Preto. Ele deve passar por audiência de custódia na quinta-feira (03/novembro).

Atropelamento

      Em entrevista ao G1, manifestantes disseram que os policiais tentavam desinterditar uma das faixas da rodovia quando o motorista atropelou o grupo.

     “Ele passou por cima de todo mundo e foi jogando as pessoas para cima. Foi realmente do nada. Tinham crianças com os pais na rodovia. Foi um verdadeiro absurdo. O pessoal correu atrás do veículo”, disse um homem.

     Além de ajudar a socorrer as vítimas, o Corpo de Bombeiros retirou pneus incendiados do meio da pista. O trânsito foi completamente liberado nos dois sentidos por volta das 19h00.

Bloqueios 

     Grupos contrários ao resultado das eleições ocupam rodovias em diversas regiões do Brasil desde domingo (30/outubro).

Nesta quarta-feira, a região de São José do Rio Preto registrou pelo menos oito pontos com bloqueios e manifestação.

     Os bloqueios são ilegais. Na segunda-feira (31/outubro), o STF (Supremo Tribunal Federal) determinou que a corporação e as polícias militares estaduais tomassem as medidas necessárias para desobstruir as vias.

(Fonte: Diário da Região/G1 São José do Rio Preto e Araçatuba)

Atualizado em 03/novembro – 15h45

Juiz determina a prisão preventiva de motorista

      Em audiência de custódia realizada na manhã desta quinta-feira (03/novembro), no Fórum central de Rio Preto, o juiz plantonista Lincoln Augusto Casconi decidiu manter preso o motorista do Fox, responsável pelo atropelamento de 17 manifestantes que ocupavam a rodovia Washington Luís na tarde de quarta-feira (02/novembro) em Mirassol. Entre as vítimas estão duas crianças de 11 e 12 anos.
Na decisão, o magistrado justifica que é necessário investigar a real intenção do motorista, por se tratar de fato relacionado a divergências políticas, uma vez que os manifestantes protestavam contra o resultado das eleições. Casconi pondera ainda que a obstrução da pista estava proibida pela Justiça.

     “Tratou-se fato de repercussão nacional, pois o ilícito ocorreu em âmbito de manifestação política, o qual por essa razão deverá ainda ser objeto de melhor apuração dos fatos, inclusive para a apuração da real motivação da conduta do autuado, assim como das vítimas que se encontravam no local, pois em tese, estas últimas também participavam de um movimento por ora reconhecido como ilegal, por haver determinação do Supremo Tribunal Federal, para o desbloqueio de vias públicas”.

     O juiz explica ainda que a conversão da prisão em flagrante em prisão preventiva se faz necessária até para proteção do autor.   “No momento, não há como se deferir em favor do autuado medidas cautelares, em substituição à sua prisão, até mesmo, dado ao clamor público, a existência de risco até mesmo a sua própria integridade física, dado ainda o ambiente político conflagrado, da qual, o presente ilícito é um dos seus resultados”.

     O condutor do carro, que tem 28 anos, foi preso em flagrante por tentativa de homicídio e levado para a carceragem da Deic (Divisão Especializada em Investigações Criminais) de Rio Preto.

     Com a decisão judicial, ele deverá aguardar julgamento no CDP (Centro de Detenção Provisória) de Rio Preto, a menos que seja beneficiado com habeas corpus.

Motorista alega que foi agredido por PM

     Durante interrogatório na delegacia de Mirassol, o motorista do Fox afirmou que um dos policiais responsáveis pela prisão dele o agrediu com um soco no rosto, já estando dentro da unidade policial. O policial apontado como agressor consta como uma das vítimas do atropelamento no boletim de ocorrência registrado pela Polícia Civil.

     O agente ainda teria chamado o autor de “assassino de criança”.

     Representado por dois advogados, o rapaz reafirmou sobre o soco durante a audiência e o juiz determinou que o suposto abuso seja investigado. “Ante a alegação do autuado em ter sido agredido por um policial militar e vítima, já sob a custódia da Polícia Militar, nas dependências da Delegacia de Polícia de Mirassol, determino a expedição de ofício à Corregedoria da Polícia Militar, determinando que seja instaurado procedimento para apuração de eventual abuso ou maus-tratos pelo referido policial, devendo ser informado ao Juiz Criminal Natural, no prazo de 30 dias, o resultado da apuração”.

     A reportagem solicitou nota ao setor de comunicação social da Polícia Militar sobre a denúncia e aguarda resposta.

A caminho do hospital

     “Meu filho estava me levando no Hospital de Base, porque eu estava com dor. Ele pediu passagem aos manifestantes, mas começaram a ofendê-lo. Em determinado momento, alguém deu um soco no rosto do meu filho e puxou ele pela camiseta”, contou a mãe em entrevista por telefone na manhã desta quinta-feira.

      Segundo a mulher, uma multidão cercou o carro. “Ele ficou apavorado. Não tinha intenção de ferir ninguém, apenas tirar a gente daquela confusão”, justifica.

     Após o acidente, policiais militares tiveram de atuar para proteger o motorista do risco de linchamento.

     Ele e a mãe foram retirados do carro e o veículo, que não tem seguro, foi destruído pelos manifestantes.

     Teste de etilômetro indicou que o condutor do Fox não estava alcoolizado. Ele também não registrava processos criminais.

      Das 17 vítimas, três permanecem internadas. Duas delas, um homem de 36 anos e uma mulher de 26, estão no Hospital de Base. Outra mulher, de 29 anos, foi internada em um hospital particular. Todos estão estáveis e fora de perigo.

     O inquérito será presidido pelo delegado Marcelo Rogério Barozzi, de Mirassol, que tem até 10 dias para concluir o procedimento.

(Fonte: Diário da Região)