Crime, suposta traição e mistério: MP revela detalhes intrigantes no caso da advogada Anic
A denúncia apresentada pelo MP (Ministério Público) à Justiça sobre o sequestro da advogada Anic Almeida Peixoto Herdy, de 55 anos, em Petrópolis, revela um intrincado caso de traição e crime. Segundo informações divulgadas nesta quarta-feira (22/maio), Anic mantinha um relacionamento amoroso com Lourival Correa Netto Fadiga, que está preso sob a acusação de ser o mandante do sequestro.
De acordo com o relatório das investigações obtido pelo UOL, Anic foi atraída por Lourival até o Shopping Pátio Petrópolis no dia 29/fevereiro/2024. Ela estacionou seu carro e entrou no veículo dele. Imagens de câmeras de segurança mostram que ela andou pela calçada após sair do shopping e, desde então, não foi mais vista.
Apesar do pagamento de R$ 4,6 milhões em resgate, Anic continua desaparecida. A polícia acredita que ela tenha sido assassinada e seu corpo ocultado. Anic é casada há 20 anos com o professor Benjamin Cordeiro Herdy, de 78 anos, com quem tem uma filha. Além disso, Anic é mãe de um menino, enquanto Benjamin tem outros quatro filhos. A fortuna de Benjamin vem da fundação e venda de um grupo educacional criado por seu pai, José de Souza Herdy, fundador da universidade Unigranrio no Rio de Janeiro.
Lourival Correa Netto Fadiga, conhecido como “Fatica” ou “Gordo”, era funcionário de Benjamin e se passava por policial federal. Ele se aproximou da família há cerca de três anos e conquistou a confiança de todos, especialmente de Benjamin.
As investigações apontam que Lourival usava seu “charme galanteador” para manter relacionamentos com várias mulheres, incluindo Anic. Ele aproveitou-se dessa proximidade para atraí-la até a Rua Teresa, onde a sequestrou e exigiu o resgate de Benjamin. Lourival recebeu todo o dinheiro do resgate. O relatório detalha que áudios, mensagens de texto e depoimentos comprovam que Lourival manipulou Benjamin, que confiava cegamente no falso policial, a ponto de não informar à polícia sobre o desaparecimento da esposa. A denúncia só foi feita em 14/março pela filha do casal, duas semanas após o crime.
Segundo os autos, Benjamin realizou 40 transferências bancárias, totalizando R$ 3.390.066,85, para compra de dólares, além de sacar R$ 680 mil em espécie e pagar o restante do resgate em bitcoins. Sem suspeitar de Lourival, Benjamin entregou os dólares e o dinheiro a ele. Lourival, fingindo ajudar o amigo, disse que encontraria os sequestradores. Em vez disso, ele foi a uma concessionária e comprou um carro de meio milhão de reais em nome de sua filha, Maria Luiza Vieira Fadiga.
Após o pagamento, Anic não foi liberada. Benjamin recebeu uma mensagem, supostamente de Anic, sugerindo que ela forjara o sequestro para fugir com um amante, um policial civil.
A delegada Cristiana Bento, responsável pela investigação, afirmou que essa hipótese “não ficou comprovada nos autos”.
Lourival contou com a ajuda de seus filhos, Maria Luiza e Henrique Vieira Fadiga, e de sua companheira, Rebecca Azevedo dos Santos. Todos foram denunciados pelo Ministério Público. O relatório afirma que Lourival mantinha simultaneamente relacionamentos com Anic e Rebecca, frequentando a casa desta última frequentemente. Rebecca sabia do plano criminoso e, mesmo com Lourival preso, continuou suas atividades ilícitas, ocultando provas do crime.
Após a prisão de Lourival em 06/abril, Rebecca foi para Foz do Iguaçu resolver a entrega de 950 celulares com um fornecedor paraguaio, retornando no dia seguinte. Ela foi a primeira e a última pessoa com quem Lourival se comunicou no dia do sequestro, com 17 contatos entre eles.
Anic continua desaparecida e nenhum dos denunciados colaborou com a investigação. O Ministério Público afirmou que todos agiram em conluio para dar aparência de licitude ao dinheiro do resgate e acobertar o provável homicídio de Anic. “Em liberdade, continuarão agindo para ocultar o crime e os valores não recuperados, representando um risco à ordem pública”, concluiu a promotoria.
(Fonte: Gazeta Brasil)