Defesa de Braga Netto pede acareação com Mauro Cid
A defesa do general Braga Netto, preso desde o dia 14/dezembro sob acusação de obstrução de justiça, anunciou nesta sexta-feira (27/dezembro) que pedirá uma acareação entre ele e o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro.
O objetivo é esclarecer as contradições entre os depoimentos de Cid e Braga Netto, com base no que o advogado de defesa, José Luís de Oliveira Lima, classificou como uma forma transparente de confrontar as versões apresentadas.
Em entrevista à GloboNews, Lima afirmou que a acareação seria a “maneira adequada para confrontar as versões e dissipar qualquer dúvida sobre os fatos”. Ele também enfatizou a importância de ter acesso aos documentos completos da investigação, apontando que a acusação contra Braga Netto não pode ser construída “com base em falas isoladas e contraditórias”.
A defesa de Braga Netto questiona a credibilidade da delação premiada de Mauro Cid, homologada pelo ministro Alexandre de Moraes. Lima classificou Cid como um “mentiroso contumaz” e ressaltou as inconsistências nas declarações do ex-ajudante de ordens, argumentando que sua colaboração foi obtida ‘sob pressão’.
“Como é que pode dar credibilidade à fala de um sujeito que mentiu o tempo inteiro e estava desesperado? Ele passou mais de 100 dias preso, e só assim conseguiu seu acordo de colaboração premiada”, declarou o advogado.
Segundo Lima, a versão de Cid mudou em diversos depoimentos, sendo acrescentados novos elementos sempre que ele precisava manter os benefícios do acordo de delação premiada. A defesa também sugeriu que Cid foi coagido pelas circunstâncias de sua prisão, que durou 129 dias.
Braga Netto, que foi candidato a vice-presidente na chapa de Jair Bolsonaro em 2022, foi preso durante a Operação Contragolpe, que investiga uma tentativa de golpe de Estado e um plano para evitar a posse de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A Polícia Federal acusa Braga Netto de envolvimento em crimes como promover e integrar uma organização criminosa, tentar abalar o Estado Democrático de Direito e participar de uma tentativa de golpe de Estado. Ele também é indiciado por envolvimento em planos que incluíam sequestros e até homicídios de autoridades.
De acordo com a Polícia Federal, Braga Netto teria atuado para obter informações sobre a delação premiada de Mauro Cid e se envolvido em atividades criminosas relacionadas ao monitoramento de alvos e financiamento de ações ilegais.
Além de ser acusado de integrar uma organização criminosa e de tentar desestabilizar o Estado Democrático de Direito, Braga Netto também enfrenta acusações de envolvimento no planejamento de sequestros e homicídios de autoridades, como o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva, o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) e o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal), Alexandre de Moraes.
As investigações também apontam que o general teve papel fundamental na obtenção de recursos para financiar as ações de monitoramento e possíveis sequestros, além de ser indiciado pela tentativa de golpe de Estado e pela tentativa de homicídio. A prisão de Braga Netto foi uma medida da Polícia Federal dentro do contexto das investigações relacionadas ao golpe de Estado e ao planejamento de crimes contra figuras públicas.
Defesa questiona credibilidade de Mauro Cid e pede acesso a provas
A defesa de Braga Netto ainda aguarda o acesso completo aos documentos da investigação, pois, segundo o advogado José Luís de Oliveira Lima, a falta de acesso impede uma defesa técnica adequada. Lima também reforçou que, sem o acesso às provas, não é possível fazer uma estratégia de defesa apropriada, questionando a base das acusações que se baseiam em depoimentos contraditórios e falhas na versão apresentada por Mauro Cid.
Cid, que foi ajudante de ordens de Bolsonaro, assinou um acordo de delação premiada com a Polícia Federal, no qual denunciou um plano envolvendo generais e assessores para evitar a posse de Lula.
A delação, porém, tem sido questionada pela defesa de Braga Netto, que acredita que as contradições nas versões de Cid enfraquecem a credibilidade do acordo.
As investigações seguem em andamento, com a Polícia Federal focada na apuração dos crimes relacionados à tentativa de golpe de Estado e aos atos de violência planejados contra autoridades. A expectativa é que novas revelações surjam com o avanço das investigações e a possível acareação entre Braga Netto e Mauro Cid.
(Fonte: Gazeta Brasil)