Delação de Gritzbach aponta envolvimento do PCC em agenciamento de jogadores de futebol

        Além de sua atuação em esquemas de lavagem de dinheiro com imóveis, o PCC (Primeiro Comando da Capital) pode ter utilizado recursos provenientes do tráfico de drogas para negociar jogadores de futebol que atuam em grandes clubes, tanto brasileiros quanto internacionais.

        A revelação foi feita por Antônio Vinicius Lopes Gritzbach, que foi assassinado após colaborar com as autoridades em uma delação premiada.

        Gritzbach forneceu aos investigadores contratos de jogadores que seriam agenciados por pelo menos três empresas associadas a membros do PCC. Ele também entregou comprovantes de taxas pagas para a CBF (Confederação Brasileira de Futebol) e para a FPF (Federação Paulista de Futebol), além de mensagens de Whatsapp em que os suspeitos celebravam acordos realizados com jogadores e clubes.

        De acordo com as investigações, os atletas eram pagos com dinheiro de origem ilegal, e, uma vez que o contrato era fechado, os criminosos recebiam sua comissão em dinheiro “limpo”, completando o processo de lavagem de dinheiro.

        Entre os jogadores supostamente agenciados pela facção estão nomes como Emerson Royal (Milan), Éder Militão (Real Madrid), Guilherme Biro (Corinthians), Eduardo Queiroz (Grêmio, na época Corinthians) e Murillo Santiago (Nottingham Forest, na época Corinthians), além de jogadores de clubes menores.

        Danilo Lima de Oliveira, conhecido como “Tripa”, seria um dos responsáveis pela transferência de Éder Militão, titular da seleção brasileira e jogador do Real Madrid.

        Durante sua colaboração, Gritzbach também mencionou Rafael Maeda Pires, o “Japa”, que também agenciava jogadores e teria tirado a própria vida em maio do ano passado. No entanto, a polícia suspeita que “Japa” tenha sido forçado a cometer suicídio por membros da facção.

        O São Paulo FC optou por não se manifestar sobre as recentes denúncias envolvendo possíveis contratos de jogadores, supostamente agenciados por membros do crime organizado. Já a diretoria do Sport Club Corinthians Paulista expressou surpresa ao tomar conhecimento do caso e esclareceu que, conforme as reportagens, os contratos em questão teriam sido firmados antes da gestão atual.

        Em nota, o Corinthians reafirmou sua disposição em colaborar com as autoridades, oferecendo documentos e esclarecimentos necessários para a completa apuração dos fatos.

        O Grêmio Foot-Ball Porto Alegrense, por sua vez, afirmou que não tem nada a comentar sobre o assunto, reiterando que a questão não envolve o clube.

        Rodrigo Paiva, representante da CBF, declarou que a entidade não tem envolvimento direto nos processos de inscrição de jogadores nas competições que organiza. Ele esclareceu que a responsabilidade sobre esses processos cabe aos clubes e seus agentes, que devem ser regulamentados pela Fifa. Paiva ainda ressaltou que a CBF não foi citada nas investigações até o momento.

(Fonte: Gazeta Brasil)