Dia da mentira: as principais fake news sobre o sistema eleitoral
Tradicionalmente comemorado no primeiro dia do mês de abril, o dia da mentira é marcado pela divulgação de boatos. A brincadeira é comum em grupos de amigos e até celebridades já participaram de situações que renderam muitas gargalhadas.
O assunto deixou de ser engraçado quando as chamadas “fake news” passaram a ser disseminadas para prejudicar a imagem e a reputação das pessoas. Há quem até brigue com a família para defender mentiras que já foram amplamente divulgadas.
Para comemorar esta data, selecionamos algumas das fake news mais descabidas e recorrentes já devidamente desmentidas pela Justiça Eleitoral. Confira:
Mentira: Forças Armadas exigiram entrega do código-fonte
Verdade: Código-fonte foi inspecionado pelas Forças Armadas
Uma mensagem que circulou no WhatsApp afirmava que as Forças Armadas ameaçaram não aceitar o resultado das Eleições de 2022 caso o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) não entregasse o código-fonte das urnas eletrônicas. Mas o código-fonte que dá os comandos para o sistema eletrônico de votação esteve aberto durante um ano para inspeção de todas as entidades legitimadas a fiscalizar o processo eleitoral, e as Forças Armadas examinaram as linhas de programação.
Mentira: Urnas possuem dois códigos-fonte distintos
Verdade: Só existe um código-fonte. Outra mensagem sobre código-fonte que circulou na internet afirmava que as urnas eletrônicas possuíam dois códigos-fonte distintos e que os modelos anteriores do equipamento não teriam sido submetidos a auditorias. A suposta manipulação teria desequilibrado a disputa. Mas existe somente um código-fonte, que, depois de ser inspecionado por representantes de entidades fiscalizadoras e especialistas em tecnologia da informação durante o TPS (Teste Público de Segurança do Sistema Eletrônico de Votação), é assinado digitalmente e lacrado em cerimônia pública, procedimentos que impedem qualquer tentativa de manipulação.
Mentira: O processo eleitoral não é auditável
Verdade: O processo eleitoral é totalmente auditável. Ao contrário do que foi espalhado em inúmeros conteúdos mentirosos durante as Eleições 2022 em várias mídias, o nosso sistema eletrônico é totalmente auditável. Os princípios que demonstram isso podem ser verificados no documento “Premissas estruturantes do processo eleitoral informatizado brasileiro”, elaborado pelo TSE. As urnas eletrônicas permitem a recontagem dos votos por meio dos Boletins de Urna.
Mentira: Algumas seções eleitorais não tiveram os votos contabilizados
Verdade: Todas as seções tiveram os votos contabilizados
Diversos vídeos divulgados no TikTok e WhatsApp mostraram pessoas que alegam ter havido fraude na contabilização de votos em razão da ausência de informações no aplicativo Resultados sobre a seção eleitoral na qual votam. Em um deles, ao descrever o passo a passo da pesquisa pelo app, o eleitor, que mora em Miami, faz a busca pela seção 3345, que consta no título do eleitor como local onde deveria exercer o direito ao voto no dia da eleição. No entanto, ele não informa que a seção que ele buscou foi agregada à seção principal 1346, que funcionou em Orlando. O mesmo ocorreu em outras cidades, como em Dores de Indaiá, em Minas Gerais.
Mentira: É possível saber em quem as pessoas votaram pela internet
Verdade: Não é possível consultar o voto de ninguém pela internet.
Boato divulgado nas redes sociais dizia que é possível saber em quem as pessoas votaram consultando em um sistema online por meio do CPF. Isso é inconstitucional, o voto é sigiloso e inviolável e ninguém, nem mesmo a Justiça Eleitoral, consegue saber em quem você votou.
Mentira: Logs “descriptografados” das urnas revelam em quem a pessoa votou
Verdade: Logs das urnas não revelam em quem a pessoa votou.
Circulou uma história nas redes sociais dizendo que os logs das urnas usadas nas Eleições 2022 foram “descriptografados” e revelaram nominalmente os votos. O log não registra informações pessoais nem revela em quem cada pessoa votou. Diversas instituições, além de qualquer pessoa, podem acessar os arquivos para auditoria.
Mentira: Urnas recolhidas de prédio em São Paulo foram usadas nas Eleições 2022
Verdade: Urnas recolhidas de prédio em São Paulo não foram usadas nas Eleições 2022. O processo de retirada de urnas eletrônicas do TER-SP (Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo) foi divulgado em um vídeo na internet com insinuações de que a suposta apreensão teria sido motivada pelos questionamentos feitos ao funcionamento das versões mais antigas do aparelho. As urnas em questão eram do modelo 2009 e estavam sendo transportadas para o depósito do TSE, em Brasília, onde ficarão armazenadas até serem descartadas, seguindo todas as previsões legais.
Mentira: Tela de mesário mostra voto duplicado para presidente
Verdade: Terminal do mesário não mostra o voto do eleitor.
Vídeo gravado por uma mesária durante a votação em uma seção eleitoral do Acre mostra a tela do terminal do mesário e afirma que os números significariam que o eleitor votou duas vezes. Os números que aparecem na tela correspondem a dados do eleitorado da seção, como número de eleitores com biometria e a quantidade de pessoas que já votaram no local. No terminal do mesário não há nenhuma indicação de qual candidatura o eleitor escolhe.
Mentira: Seções em que todos os votos foram para o mesmo candidato indicam fraude
Verdade: Não houve fraude em seções em que todos os votos foram para o mesmo candidato. Diversas fake news divulgadas nas redes afirmavam que houve fraude nas Eleições 2002 porque algumas seções registravam votos apenas para um candidato. Em um caso, vídeo de um cidadão mostra que, na seção eleitoral 158, localizada no município de Confresa, em Mato Grosso, todos os votos registrados no 2º turno foram para apenas um candidato. A seção fica em uma comunidade indígena, e é normal nessas localidades, assim como em quilombos, que um candidato receba todos os votos.
Mentira: Hackers russos invadiram o sistema de totalização
Verdade: Hackers russos não invadiram o sistema de totalização.
O boato, que também foi compartilhado em formato de áudio, dizia que hackers haviam invadido o sistema de totalização do TSE com o intuito de desviar votos entre candidatos à Presidência da República.O trabalho de processamento dos votos do eleitorado transcorreu dentro da normalidade, sem registro de nenhuma investida cibernética. Vale lembrar que a urna eletrônica não tem conexão com a internet e que a transmissão dos votos é feita por uma rede segura, de uso exclusivo da Justiça Eleitoral.
(Fonte: Gazeta de io Preto)