Dossiê acusa médica de sabotar Saúde e será encaminhado ao MP

        O Jornal Dhoje teve acesso, com exclusividade, a um relatório com graves denúncias contra a médica Merabe Muniz, ex-integrante da gestão da Secretaria de Saúde de Rio Preto e presidente do Sindicato dos Médicos. 

        Segundo fontes ouvidas pela reportagem, o documento deve ser protocolado na segunda-feira (03/fevereiro), pelo secretário Rubem Bottas, no Ministério Público. Bottas já fez boletim de ocorrência a respeito do teor das denúncias, conforme apurado pelo jornal.

        As acusações contra Merabe vão desde abandono de plantão até uma suposta operação deliberada para prejudicar o atendimento nas UPAs (Unidades de Pronto Atendimento). Um dos pontos centrais do documento envolve a ausência não autorizada da profissional em um plantão na UPA Santo Antônio, em 27/outubro/2024. 

       O fato, segundo documentos da Secretaria de Saúde, configura infração ao Código de Ética Médica. Além disso, foi constatado um suposto esquema de manipulação de escalas, troca de plantões sem controle adequado e possíveis favorecimentos dentro do setor, de acordo com o relatório.
       A Prefeitura, que abriu sindicância interna para apurar as supostas irregularidades, incluindo possíveis crimes de responsabilidade administrativa, civil e criminal, determinou medidas rígidas para garantir a regularidade na escala médica, reforçando o controle sobre a jornada de trabalho, a troca de plantões e o cumprimento do descanso noturno obrigatório.

Conflito de interesse e Teleupa

        De acordo com a denúncia, outro ponto grave nas investigações é a relação de Merabe com a empresa Doctacare, responsável pelo serviço de atendimento remoto denominado Teleupa. Segundo documentos obtidos, a médica insistiu diversas vezes que a única solução para evitar filas e melhorar o atendimento seria a ampliação da Teleupa – serviço que teve seu contrato encerrado no dia 31/dezembro/2024.

        As denúncias sugerem que a defesa enfática do serviço remoto pode estar relacionada a interesses particulares, uma vez que a empresa prestadora “possuía vínculos suspeitos”, levantando questionamentos sobre um possível uso do cargo público para obtenção de vantagens para terceiros.

Ação Sindical e a ‘Operação Tartaruga’

        Conforme o relatório, a situação se agravou quando a Secretaria de Saúde identificou movimentações dentro do Sindicato dos Médicos que podem ter levado à chamada ‘Operação Tartaruga’. Essa ação teria sido uma resposta às medidas de controle da nova gestão, com o objetivo de reduzir o ritmo dos atendimentos e, consequentemente, criar uma crise na saúde pública.
        No relatório, há conversas em grupos de WhatsApp que mostram Merabe incentivando colegas a protestar contra as medidas de fiscalização, alegando que a gestão estava impondo burocracias prejudiciais ao atendimento.

        A Administração Municipal justifica no documento que o objetivo das mudanças era garantir transparência e eficiência no atendimento à população.

        O sindicato, segundo as denúncias, emitiu nota de repúdio às novas diretrizes da Secretaria de Saúde, o que reforçaria a tese de uma tentativa de obstrução das políticas públicas implementadas.

Campanha de ataques e fake news

        Ainda de acordo com o documento, após ser exonerada do cargo de confiança, Merabe teria iniciado uma série de manifestações públicas, acusando a Prefeitura de querer terceirizar as UPAs.

        Em nota oficial, a Administração afirmou que a “informação é falsa e nunca houve intenção de privatização dos serviços de urgência e emergência”. No fim de janeiro, conforme o relatório, a médica teria abandonado um plantão para gravar vídeos com críticas à gestão, fazendo postagens em redes sociais com acusações contra as autoridades municipais. 

        Para a prefeitura, o comportamento da profissional teria extrapolado o direito de crítica, passando a configurar ataques diretos e desinformação. Com a mudança de governo, a Administração exonerou automaticamente todos os servidores de funções gratificadas e sinalizou que a médica não voltará a ocupar cargos de confiança.

Outros lados

        Após ter acesso ao relatório, fora do horário de expediente comercial, o Dhoje não conseguiu contato com a Prefeitura e com Merabe, mas o espaço para manifestação tanto para a Administração Municipal como para a presidente do Sindicato dos Médicos está aberto. 

(Fonte: Jornal Dhoje Interior/Reportagem)