Fraude no INSS: Sindicato com ligação a Frei Chico, irmão de Lula, é alvo de nova operação da PF

        O Sindnapi (Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos) foi uma das entidades alvo de uma nova operação da PF (Polícia Federal) e da CGU (Controladoria-Geral da União) na quinta-feira (09/outubro). A ação faz parte da 2ª fase da Operação Sem Desconto, que investiga um esquema bilionário de fraudes em descontos nos benefícios do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social).

        O Sindnapi é ligado à Força Sindical e tem como vice-presidente José Ferreira da Silva, conhecido como Frei Chico, irmão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Embora Frei Chico não conste como investigado no inquérito, o sindicato está sob escrutínio.

        A operação de hoje cumpre um total de 66 mandados de busca e apreensão expedidos pelo ministro do STF (Supremo Tribunal Federal), André Mendonça. As ações ocorrem em São Paulo (onde fica a sede do Sindnapi), Sergipe, Amazonas, Rio Grande do Norte, Santa Catarina, Pernambuco, Bahia e no Distrito Federal.

         Além do Sindnapi, as sedes das associações Amar Brasil e Masterprev também foram alvos de buscas.

        A PF declarou que a ação visa “aprofundar as investigações e esclarecer a prática de crimes como inserção de dados falsos em sistemas oficiais, constituição de organização criminosa e atos de ocultação e dilapidação patrimonial”. Os crimes em apuração incluem estelionato qualificado, peculato, corrupção, lavagem de capitais e organização criminosa.

        Em meio à operação, o presidente do Sindnapi, Milton Baptista de Souza Filho (conhecido como Milton Cavalo), está agendado para prestar depoimento na CPMI do INSS na quinta-feira, às 9h00.

        Relatórios do Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) apontam que a associação movimentou cerca de R$ 1,2 bilhão em seis anos.

        A primeira fase da Operação Sem Desconto, deflagrada em abril/2025, revelou que sindicatos e associações de aposentados faziam descontos indevidos e sem autorização nos contracheques de beneficiários.

        O esquema teria causado um prejuízo total estimado em R$ 6,3 bilhões. Na época, a cúpula do INSS foi afastada por suspeita de envolvimento.

        As investigações apontam que as entidades envolvidas prometiam serviços como planos de saúde e assistência jurídica, mas, segundo a CGU, muitas vezes não tinham estrutura real para cumprir as ofertas. Em diversos casos, os aposentados só descobriam as cobranças ao consultar o extrato, sem sequer saber que haviam sido filiados.

Ton Molina/STF

Flávio Dino decidi que não precisará falar na CPMI

         O presidente do Sindnapi, Milton Cavalo, terá o direito de permanecer em silêncio durante seu depoimento na CPMI (Comissão Parlamentar Mista de Inquérito) do INSS na quinta-feira (09/outubro), decisão tomada pelo ministro do STF (Supremo Tribunal Federal), Flávio Dino. Com isso, Cavalo não é obrigado a responder perguntas nem a fazer o juramento de dizer a verdade.

        A medida segue o direito à não autoincriminação previsto na Constituição Federal, aplicável especialmente quando há suspeitas de envolvimento em possíveis crimes.

        Segundo parlamentares da CPMI, a decisão do STF dificulta o trabalho da comissão. “Hoje, estamos mais uma vez de mãos amarradas por conta de uma decisão do Supremo Tribunal Federal, que é no mínimo estranha”, afirmou o presidente da CPMI, senador Carlos Viana (Podemos-MG). Ele criticou o que considera uma “blindagem” do dirigente com o uso de advogados milionários e conexões políticas em Brasília.

        O Sindnapi, Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos, presidido por Milton Cavalo, está entre os alvos da 2ª fase da Operação Sem Desconto, conduzida pela PF (Polícia Federal) e pela CGU (Controladoria-Geral da União). A operação investiga supostas fraudes bilionárias em descontos nos benefícios do INSS.

        A ação desta quinta incluiu 66 mandados de busca e apreensão em sete estados e no Distrito Federal, incluindo a residência de Milton Cavalo, a sede do Sindnapi, o Sindmetal (Sindicato dos Metalúrgicos de Osasco e Região) e a Coopernapi (Cooperativa de Crédito dos Aposentados e Pensionistas), ligada ao sindicato.

         Relatórios de inteligência financeira recebidos pela CPMI apontam que o Sindnapi movimentou R$ 1,2 bilhão entre 2019 e 2025, entre créditos, débitos e operações em dinheiro vivo, por meio da Coopernapi, que funciona como uma espécie de agência bancária dentro do prédio do sindicato.

         Além disso, o Sindnapi teria pago pelo menos R$ 9,2 milhões a empresas de familiares de dirigentes da entidade, levantando suspeitas de favorecimento e conflito de interesses.

        Embora o sindicato seja ligado a José Ferreira da Silva, conhecido como Frei Chico, irmão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ele não está entre os investigados e seu depoimento não foi solicitado pela CPMI.

        A 1ª fase da Operação Sem Desconto, em abril/2025, revelou que sindicatos e associações de aposentados faziam descontos indevidos e sem autorização nos contracheques de beneficiários do INSS, causando prejuízo estimado em R$ 6,3 bilhões. As investigações apontam que muitas entidades prometiam serviços como planos de saúde e assistência jurídica sem estrutura real para cumprir essas ofertas.

         A CPMI do INSS continua ouvindo autoridades e presidentes de sindicatos enquanto a Polícia Federal e a CGU aprofundam as investigações sobre estelionato, peculato, corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa ligados aos descontos indevidos.

(Fonte: Gazeta Brasil)