Gilmar Mendes e Fux trocam acusações em discussão dura

        Os ministros do STF (Supremo Tribunal Federal), Gilmar Mendes e Luiz Fux, protagonizaram uma “dura discussão” nesta semana, presenciada por colegas no intervalo de uma sessão plenária, conforme revelou a Folha de S.Paulo. O centro do embate foi a suspensão do julgamento de um recurso em que o senador Sergio Moro tenta reverter sua condição de réu por calúnia contra Gilmar.

        A análise do recurso de Moro, que ocorria no plenário virtual da Primeira Turma, já contava com quatro votos pela rejeição do pedido do senador quando Fux pediu vista, suspendendo o julgamento por até três meses. O decano da Corte, Gilmar Mendes, questionou o colega em “tom irônico” sobre a decisão.

        Segundo fontes que presenciaram a acalorada troca de farpas, Gilmar sugeriu a Fux que fizesse “terapia para se livrar da Lava Jato”. O comentário remete ao período de auge da operação, quando Gilmar se firmou como seu principal crítico no Supremo, enquanto Fux era visto como seu “maior defensor” na Corte.

        Em resposta, Fux justificou o pedido de vista para “analisar melhor o caso” e manifestou incômodo com as críticas que, segundo ele, Gilmar tem feito em diversas ocasiões.

        Gilmar Mendes não recuou e “admitiu as críticas ao colega”, afirmando que falava mal de Fux “publicamente, e não pelas costas”, por considerá-lo uma “figura lamentável”.

        O decano ainda trouxe à discussão o voto de Fux no julgamento da Primeira Turma do STF que condenou o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) por tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito.

        Gilmar criticou o colega, dizendo que Fux “impôs aos colegas um voto de 12 horas que não fazia o menor sentido”. Fux, que votou pela absolvição de Bolsonaro e condenação do tenente-coronel Mauro Cid, o “mordomo” na trama golpista, defendeu seu posicionamento. De acordo com as fontes, Gilmar rebateu: “Todo mundo ficou chateado” com o voto.

        A CPMI do INSS segue agora com os trâmites para análise dos relatórios do Coaf, que devem esclarecer movimentações financeiras e possíveis irregularidades ligadas ao esquema de fraude no INSS.

(Fonte: Gazeta Brasil)