Voz ativa na luta contra a discriminação racial no esporte, Lewis Hamilton voltou a celebrar o jogador Vini Jr, vítima de mais um episódio de racismo em LaLiga. Em Mônaco, palco da próxima etapa da F1 2023, o heptacampeão exaltou a postura do brasileiro, chamado de ‘macaco’ por torcedores presentes no estádio Mestalla para Real Madrid e Valência.

     Ao discutir o caso, o piloto britânico também relembrou injúrias sofridas – e as dores subsequentes – ao longo da carreira no automobilismo.

      “É devastador pensar que em 2023 ainda estamos vendo e ouvindo essas coisas. Isso realmente me atinge, traz emoções sobre as coisas que vivenciei, seja no Reino Unido ou quando eu estava correndo na Itália, na França ou na Espanha. Acho que ele tem sido incrivelmente corajoso”, declarou Hamilton.

     Na última segunda, o piloto da Mercedes já havia postado uma mensagem de apoio a Vini Jr nas redes sociais Na ocasião, Lewis – único piloto negro na atual F1 – republicou um post do jogador do Real, acrescentando as palavras “Estou com você”.

     Assim como Vini Jr, o britânico também já foi alvo de ofensas racistas na Espanha. Em 2008, na pré-temporada em Barcelona, torcedores fizeram ‘blackface’ e usaram camisas com os dizeres ‘família Hamilton’ nas arquibancadas. Insultos também foram direcionados a Lewis. À época, Hamilton era piloto da McLaren; ele conquistaria o 1º dos seus sete títulos mundiais naquele ano.

     “Acho incrível o que muitos desses que estão vivenciando (racismo) em campo fazem em termos de se manterem firmes, fortes, continuando a ser humildes em sua abordagem. Não sendo reativos, mas sendo responsáveis ​​quando avançam, porque sabem que há muitas crianças pequenas assistindo”, completou Lewis.

      Recentemente, Lewis foi vítima de injúrias do tricampeão Nelson Piquet, que usou termos racistas e homofóbicos para se referir ao britânico em entrevista. Em março deste ano, o piloto brasileiro foi condenado a pagar R$ 5 milhões para fundos de promoção à ihualdade racial e contra a discriminação da comunidade LGBTQIA

Racismo contra Vini Jr: entenda

      Após a denúncia de Vini Jr sobre os gritos ofensivos, o jogo entre Valencia e Real Madrid foi paralisado por alguns minutos pelo árbitro Ricardo de Burgos.

     A partida foi retomada, mas o brasileiro acabou expulso na reta final após discussão com o goleiro Mamardashvili, que evoluiu para uma confusão generalizada.

     Nela, Vini chegou a levar um mata-leão de Hugo Duro e reagiu com o braço direito, que atingiu o atleta do Valencia. O brasileiro deixou o gramado aplaudindo ironicamente e, após o fim do jogo, foi às redes sociais criticar a direção de LaLiga. O cartão vermelho foi posteriormente anulado pelo Comitê de Competição da RFEF (Real Federação Espanhola de Futebol..

     Em nota, o atacante do Real Madrid disse que iria “até o fim contra os racistas”, dentro ou fora do futebol espanhol. Em resposta, o presidente de LaLiga Javier Tebas criticou Vini Jr, alegando que o atleta precisava ‘se informar’. Nesta quarta, o dirigente voltou atrás, pediu desculpas ao jogador do Real Madrid e admitiu a incidência de casos de racismo no país.

     A entidade que administra o campeonato espanhol lançou canal de comunicação para denúncias de atos racistas. A Promotoria de Valência, por sua vez, enviou para um tribunal de instrução o processo contra os torcedores que direcionaram injúrias a Vini Jr.

     O caso segue com forte repercussão pelo mundo. Nesta quinta-feira (24/maio), o zagueiro Diakhaby, do Valência, se negou a posar para foto de campanha de LaLiga contra o racismo. Em 2021, o defensor acusou Jan Cala (Cadiz) de ter feito insulto racista, mas o caso foi arquivado por ausência de provas.

     A F1 2023 segue para o GP de Mônaco neste fim de semana, entre os dias 26 e 28/maio.

(Fonte: GE)