Johari: a janela que o Brasil precisa abrir

Por: Prof. Eng. João Ulysses Laudissi – 17/07/2025

 

        Em 1955, dois psicólogos norte-americanos — Joseph Luft e Harrington Ingham — criaram uma ferramenta para ajudar as pessoas a se entenderem melhor e a se relacionarem com mais clareza. Deram a ela o nome de Janela de Johari, uma mistura dos nomes dos dois.

        Essa ferramenta tem uma ideia muito simples: mostrar que cada pessoa tem coisas que todo mundo vê, coisas que só ela mesma sabe, coisas que os outros percebem, mas ela não, e também coisas que ninguém ainda descobriu — nem ela, nem os outros.

        Agora, vamos pensar: o que isso tem a ver com o Brasil?

Tem tudo a ver!

        Vivemos num país onde muita gente fala ao mesmo tempo, mas quase ninguém escuta de verdade. Cada um está tão preso à própria opinião que não consegue mais conversar com quem pensa diferente.

Se a gente usasse essa Janela de Johari para olhar o Brasil, veríamos que temos uma área cega muito grande: deixamos de enxergar os próprios erros. Preferimos culpar os outros pela corrupção, pela desigualdade, pela violência, mas raramente olhamos para o que cada um de nós também faz — ou deixa de fazer — no cotidiano.

        Temos também uma área oculta cheia de ressentimentos, mágoas e ideias que guardamos por medo, raiva ou vergonha. E vamos empurrando isso com discursos prontos, brigas políticas e falta de diálogo.

        A área aberta, que deveria ser o espaço do respeito, da escuta e da construção conjunta, está ficando pequena. Está difícil sentar, ouvir o outro e dizer: “talvez eu esteja errado”. Está raro ver humildade e vontade de encontrar um caminho no meio do conflito.

        A Janela de Johari mostra que só conseguimos crescer como pessoa — ou como país — quando temos coragem de olhar para dentro, ouvir quem está de fora e enxergar o que ainda não vimos.

        Talvez o que o Brasil mais precise agora não seja uma nova lei ou uma nova promessa, mas sim um novo líder que saiba escutar, refletir, enxergar a realidade e que pense no país a longo prazo. Que coloque os interesses da nação acima dos próprios interesses ideológicos, pessoais ou partidários, e que aja com sabedoria, visão, equilíbrio e responsabilidade. Que cuide das gerações futuras — e não apenas das próximas eleições.

        E quem sabe, nesse processo, a Janela de Johari seja exatamente a janela que o Brasil precisa abrir para mudar de verdade.