Papa Leão XIV em suas primeiras palavras faz “Apelo à Paz” a “Todos os Povos”

        O novo pontífice da Igreja Católica, Leão XIV, apareceu na varanda do Vaticano após ser anunciado como sucessor de Francisco, diante de uma multidão reunida na Praça de São Pedro.

        O novo Papa é o norte-americano, também com nacionalidade peruana, Robert Francis Prevost, que escolheu o nome de Leão XIV. Em seu primeiro discurso, pronunciado da varanda da Basílica de São Pedro, fez um apelo pela paz e por uma Igreja aberta a todos — especialmente aos que sofrem.

        Diferente de seus antecessores, seu discurso foi lido e incluiu um trecho em espanhol. Emocionado, começou dizendo:

– “Queridas irmãs e irmãos. Este é o primeiro anúncio de Cristo ressuscitado, o bom pastor que deu sua vida pelo rebanho de Deus. Que esta saudação de paz alcance seus corações, suas famílias, todos os povos da Terra. A paz esteja com vocês.”

        Ele destacou que essa paz deve ser ‘desarmante, humilde e perseverante’, originada de um Deus que ‘ama a todos incondicionalmente’ . Fez referência ao Papa Francisco, agradecendo por sua bênção corajosa mesmo em tempos de fragilidade, e afirmou com firmeza: ‘O mal não prevalecerá’.

        Leão XIV pediu aos fiéis que sigam os ensinamentos de Cristo e apelou por unidade, diálogo e construção de pontes:

– “Devemos ser uma Igreja missionária, que acolhe a todos, especialmente os que mais sofrem. Uma Igreja sinodal, que caminha junta, buscando a paz e a justiça.”

       O Papa também fez um carinho especial ao Peru, país onde viveu por décadas e do qual possui cidadania. Saudou sua antiga diocese:

– “Permitam-me uma palavra especial à minha querida diocese de Chiclayo, no Peru. Um povo fiel que acompanhou seu bispo e compartilhou sua fé.”

        Prevost é um agostiniano nascido em Chicago, que chegou ao Peru em missão em 1985. Lá, dirigiu o seminário agostiniano de Trujillo por 10 anos, foi bispo de Chiclayo e administrador apostólico do Callao. Naturalizou-se peruano em 2015 e teve papel importante na Conferência Episcopal Peruana. Desde 2023, atuava em Roma a convite do Papa Francisco, como responsável pelo Dicastério para os Bispos.

        A eleição foi confirmada pela tradicional fumaça branca que saiu da Capela Sistina às 18h08 (hora local). Mais de uma hora depois, o protodiácono, cardeal Dominique Mamberti, anunciou solenemente em latim:
“Habemus Papam” – Temos um Papa: o cardeal Robert Prevost, agora Leão XIV.

        Após vestir pela primeira vez a batina branca na chamada Sala das Lágrimas — local onde os papas tradicionalmente se emocionam com o peso da missão —, ele apareceu na varanda para sua primeira bênção Urbi et Orbi.

        Leão XIV encerrou seu discurso com uma Ave Maria, pedindo à Virgem Maria pela Igreja e pela paz mundial.

Tudo sobre Robert Prevost: o novo papa americano com raízes espanholas e missão no Peru

         O cardeal norte-americano Robert Francis Prevost Martínez foi eleito como novo papa durante o Conclave, sucedendo o pontífice Francisco. Aos 69 anos, Prevost traz uma trajetória extensa e respeitada dentro da Igreja, marcada por proximidade com seu antecessor, que o nomeou, em 2023, prefeito do Dicastério para os Bispos — órgão responsável pela seleção e nomeação de bispos no mundo inteiro.

        Nascido em 14/setembro/1955 em Chicago, filho de mãe de origem espanhola, Prevost ingressou no noviciado da OSA (Ordem de Santo Agostinho) em 1977, fazendo seus votos solenes em 1981. Sua formação acadêmica é ampla: é licenciado em Ciências Matemáticas pela Universidade de Villanova, mestre em Divindade pela Catholic Theological Union de Chicago e doutor “magna cum laude” em Direito Canônico pela Angecilun (Pontifícia Universidade de Santo Tomás de Aquino), em Roma. Sua tese de doutorado tratou do papel do prior local na Ordem de Santo Agostinho.

        Ordenado sacerdote em 1982, Prevost foi enviado à missão agostiniana no Peru em 1985, onde atuou como chanceler da Prelazia Territorial de Chulucanas. Em 1987, foi eleito diretor de vocações e das missões da província agostiniana “Mother of Good Counsel”, em Illinois. No ano seguinte, passou a atuar em Trujillo, no Peru, liderando a formação de aspirantes agostinianos em diversos vicariatos e exercendo funções como prior da comunidade, diretor de formação e mestre de professos.

        Na Arquidiocese de Trujillo, atuou como vigário judicial (1989–1998) e lecionou Direito Canônico no Seminário Maior “San Carlos y San Marcelo”.

        Retornou aos Estados Unidos em 2013, onde reassumiu funções na província agostiniana de Chicago. Em novembro/2014, foi nomeado pelo papa Francisco como administrador apostólico da diocese de Chiclayo, no Peru, sendo ordenado bispo em 12/dezembro, dia de Nossa Senhora de Guadalupe.   Em 2018, foi eleito segundo vice-presidente da Conferência Episcopal Peruana.

        Prevost também ocupou posições de destaque no Vaticano: foi nomeado membro da Congregação para o Clero (2019), da Congregação para os Bispos (2020) e administrador apostólico da diocese de Callao. Em 2023, foi nomeado prefeito do Dicastério para os Bispos e presidente da Pontifícia Comissão para a América Latina.

        Com assento em sete dicastérios do Vaticano e na Comissão para o Governo do Estado da Cidade do Vaticano, sua ascensão foi vista como reflexo da confiança de Francisco. Os dois compartilhavam uma visão comum sobre os pobres, os migrantes e uma Igreja mais próxima dos que sofrem. “Ele era um homem que queria viver o Evangelho com autenticidade e coerência”, declarou Prevost em entrevista ao Vatican News, relembrando com emoção a primeira viagem apostólica de Francisco a Lampedusa.

        Assim como seu antecessor, o novo papa também defende ações urgentes contra as mudanças climáticas e é um entusiasta da Igreja sinodal (a Igreja sinodal é um modelo de Igreja onde a participação e comunhão de todos os fiéis, clero e leigos, é fundamental para a missão da Igreja). No entanto, se mostra contrário à ordenação de mulheres, afirmando que “clericalizar as mulheres não necessariamente resolve um problema — pode criar um novo”.

(Fonte: Gazeta Brasil)