Polícia Civil investiga se assassino de estudante da USP foi vítima do ‘tribunal do crime’

        A Polícia Civil de São Paulo investiga a hipótese de que Esteliano José Madureira, principal suspeito de matar a estudante da USP (Universidade de São Paulo) Bruna Oliveira da Silva, tenha sido capturado, julgado e executado por criminosos ligados a uma facção que atua na Zona Leste da capital paulista. Segundo os investigadores, o assassinato brutal da jovem e a suspeita de violência sexual podem ter motivado o “tribunal do crime” — estrutura paralela usada por facções para julgar e punir autores de delitos considerados graves dentro de seus territórios.

        O corpo de Esteliano, de 43 anos, foi encontrado na noite de quarta-feira (23/abril), enrolado em uma lona, na Avenida Morumbi, Zona Sul da cidade. Ele apresentava mais de 10 ferimentos pelo corpo e estava amarrado pelas pernas, vestido e calçado. De acordo com a Polícia Militar, ele foi esfaqueado e havia sido procurado pelas autoridades após ter sua prisão temporária decretada.

        “Trabalhamos com a hipótese de que ele tenha sido capturado e morto por membros de alguma facção criminosa, e que o local onde o corpo foi encontrado não tenha sido o mesmo onde ocorreu o assassinato”, afirmou um investigador. A polícia busca imagens de câmeras de segurança que possam ajudar a identificar os responsáveis pela execução.

        Esteliano foi apontado como o homem que aparece em imagens de segurança perseguindo e agarrando Bruna na madrugada de 13/abril, na Avenida Miguel Ignácio Curi, na Vila Carmosina, Zona Leste. Após o desaparecimento, o corpo da jovem de 28 anos foi encontrado em um estacionamento, no dia 17, a cerca de dois quilômetros do local onde havia sido vista pela última vez.

        Segundo os peritos, Bruna apresentava sinais de asfixia, com uma fratura na vértebra do pescoço e um saco plástico próximo ao corpo. Ela também estava seminua e com múltiplas lesões. A polícia encontrou calcinhas no barraco onde Esteliano morava e suspeita que ele possa ter atacado outras mulheres.

        Bruna era mãe de um menino de 7 anos e havia saído da casa do namorado na noite do crime, seguindo para a casa do pai. O desaparecimento foi registrado pela família no dia seguinte. A investigação do DHPP (Departamento Estadual de Homicídios e Proteção à Pessoa) agora tenta esclarecer se houve violência sexual e se a execução do suspeito foi uma retaliação direta ao crime.

       “Nos chamados ‘tribunais do crime’, criminosos aplicam punições extremas a pessoas acusadas de violar regras impostas pelas facções. Estupro e feminicídio estão entre os delitos considerados intoleráveis. Quem comete esse tipo de crime dentro de comunidades dominadas por facções pode ser morto. É a lógica cruel desses tribunais paralelos”, explicou uma fonte da Polícia Civil.

(Fonte: Gazeta Brasil)