UTI e enfermaria pediátrica com superlotação coloca HCM e Prefeitura de Rio Preto em confronto
Em meio a mais uma crise na saúde, gerada pela superlotação do HCM (Hospital da Criança e Maternidade), o impasse para internação de uma menina, de 4 anos, com doença respiratória foi o estopim para um embate com a Secretaria Municipal de Saúde em São José do Rio Preto.
Depois de ser enviada pela UPA (Unidade de Pronto Atendimento) Norte, a família da menina ficou esperando para ela ser internada, na porta do HCM, em uma ambulância do Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) depois que o estado de saúde dela piorou na quinta-feira (16/maio).
Na sexta-feira (17/maio), durante uma coletiva, Jorge Fares, diretor executivo da Funfarme (Fundação Faculdade Regional de Medicina de São José do Rio Preto), e responsável pela administração do HCM, criticou a prefeitura por enviar as crianças sem saber se tinham vagas.
Responsável por atender pacientes infantis de 102 municípios da região de Rio Preto, o hospital possui 45 leitos do SUS (Sistema Único de Saúde) na enfermaria pediátrica e 22 na UTI (Unidade de Terapia Intensiva).
Neste mês, a unidade divulgou que opera com mais de 100% da capacidade: são 61 leitos ocupados na enfermaria, o que representa 136%, e mais de 33 crianças na UTI, o que representa 150%.
Na coletiva, o diretor administrativo do HCM, Antônio Souza, afirmou que a superlotação é causada pelo aumento sazonal de crianças afetadas por doenças respiratórias, típicas nesta época do ano.
“Nós somos ‘vaga zero’ para outras cidades. Os pacientes que vêm para nós, seja de Rio Preto ou outras cidades, regulados pela Cross (Central de Regulação de Ofertas de Serviços de Saúde) que coordena a rede. Esse é um hospital para atender casos graves”, comenta Antônio.
Jorge Fares ainda disse na coletiva que há um risco em se fazer atendimento do HCM acima da capacidade, porque também coloca em risco a saúde de outras crianças internadas. Por isso, segundo ele, cabe ao município consultar outros locais para atendimento.
Posicionamentos
Em nota, a Saúde Municipal afirmou que, com relação ao impasse para a internação da menina, foi necessário apelar para o recurso “vaga zero”, utilizado pela Central de Regulação de Urgência do Samu para preservar a vida da criança.
Ainda conforme a Saúde, foi identificada uma redução no recebimento de pacientes de Rio Preto, tanto no HB (Hospital de Base) quanto no HCM. Disse ainda que vai tomar providências cabíveis, junto à DRS, para pleitear o aumento de leitos hospitalares, principalmente pediátricos.
“Informamos ainda que o recurso da ‘vaga zero’ não é aplicado apenas no HCM ou HB; a Santa Casa, maior recebedora de pacientes de Rio Preto, também recebe pacientes utilizando o critério de ‘vaga zero’. Essa é uma prerrogativa prevista em legislação federal na organização do atendimento às urgências”, finaliza a nota.
O DRS (Departamento Regional de Saúde) de Rio Preto disse que na Santa Casa, citada pelo HCM como uma opção de internação, também não há vagas e a superlotação também está sendo causada pelo aumento das doenças respiratórias. O paciente no hospital, também é regulado via Cross.
Já a Secretaria Estadual de Saúde disse que a Cross busca vagas disponíveis em serviços de saúde do SUS, preferencialmente na região de origem do paciente.
(Fonte: G1 São José do Rio Preto e Araçatuba)